FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Certa manhã, em 2009, o Raymundo Espelho, um dos fundadores da Editora Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, escarafunchando num dos sebos da cidade encontrou um texto muito raro, de altíssimo valor contemporâneo, editada em 1967 por um talentoso jovem pesquisador kardecista, sendo constituído o primeiro de uma série de inúmeros outros.

Mais de quarenta anos depois, o livro foi reeditado, causando uma imensa alegria num Movimento Espírita Brasileiro sempre atento a uma advertência do Codificador Allan Kardec: “Só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”.

O livro reeditado muito oportunamente: OS PROCURADORES DE DEUS, Hermínio C. Miranda, 2ª. edição, São Bernardo do Campo SP, Editora Espírita Correio Fraterno, 2015, 240 p. Uma edição primorosa, composta de três partes: O Preparo da Terra, A Sementeira e A Colheita. Nelas, através de curtos 144 reflexões notáveis, Hermínio (1920-2013) oferece um papo cativante, uma série de balizamentos para todos os pensantes, independentemente de credos e convicções, sempre embasada numa advertência de Charles Péguy (1873-1914), notável poeta francês, ensaísta e editor, tornado católico romano após muitos anos de um inquieto agnosticismo, nunca sendo, entretanto, um cristão militante: “Aquele que não proclama a verdade quando a conhece, torna-se cúmplice de mentirosos e falsários.”

Do livro do Hermínio Mirando acima citado, extraí algumas das suas primorosas considerações, abaixo as expondo para conhecimento dos argutos leitores desta Besta Fubana sempre poderosa energia restauradora para os mais desesperançados e perplexos. Ei-las:

– “A posição do ser humano diante do problema da morte está condicionada ao seu grau de conhecimento. Basicamente três são, no meu entender, as atitudes filosóficas que a criatura humana pode assumir nesse caso: temor, indiferença e serenidade.”

– “O ser humano que procura respostas claras, diretas, objetiva às suas inquietações não se dá por satisfeito e atendido dentro das estreitezas do materialismo, como não se sente à vontade no acanhamento do dogmatismo religioso.”

– “Parece que não estava na intenção inicial dos teólogos criar o purgatório. Esse campo de concentração surgiu depois, quando estalou na cabeça de alguém que com apenas duas alternativas não se resolviam certas dificuldades.”

– “É inegável que há justificativas filosóficas para qualquer barbaridade que se cometa em nome de uma ideia. Hitler também tinha bem à mão seus filósofos da pureza racial.”

– “Seria imperfeita a lei de causa e efeito se as faltas que praticamos em prejuízo do nosso semelhante fossem canceladas, tornadas inexistente pelo simples procedimento catártico da confissão.”

– “A figura histórica de Maria tinha realmente de acender a imaginação dos homens. Não há filho, nem pai, nem mãe que não sinta a intensidade do seu drama, o seu silencioso desespero ante a inutilidade dos seus esforços para salvar aquele estranho filho das garras dos seus inimigos.”

– “As ideias são para serem discutidas e reexaminadas constantemente, à luz de novos conhecimentos e novas concepções, porque também elas às vezes envelhecem e morrem como as criaturas.”

E uma recomendação final, de muita valia, do saudoso Hermínio Miranda:

“Portanto, leitor, a decisão é sua, repito. Como dizem os ingleses: Take it or leave! (Tome-o ou deixe-o!). Leia e conclua ou não leia por comodismo, indiferença, temor… O problema é inteiramente seu. Uma coisa apenas desejo gravar no fundo do seu ser e nisso não posso deixar de ser o mais enfático possível: a prova provada da existência do espírito, na fase atual do nosso conhecimento, você obterá irrecusável e definitiva depois que morrer, embora agora apenas insisto: Compreensão é decorrência direta do grau de maturidade espiritual.”

Uma leitura do Miranda bem arretada de ótima para todos, gregos e troianos, azedos e doces, todos filhos do Criador do Todo!

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