RODRIGO CONSTANTINO

Pelo menos 157 pessoas foram detidas este domingo à noite em França — a quinta noite de tumultos desde que Nahel Merzouk, um adolescente de ascendência norte-africana com 17 anos, foi morto pela polícia nos arredores de Paris. Segundo a informação do Ministério do Interior francês e citada pela agência Reuters, na noite de sábado foram detidas 700 pessoas e na sexta-feira mais de 1300.

Um bombeiro de 24 anos morreu esta noite enquanto combatia o fogo que consumia vários carros em Saint-Denis, Paris. “Um jovem cabo do corpo de bombeiros de Paris morreu, apesar da resposta muito rápida da equipe”, declarou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, no Twitter, acrescentando que o incidente ocorreu num “parque de estacionamento subterrâneo”.

Durante os confrontos que ocorreram em vários locais do país como forma de protesto contra a morte do jovem Nahel Merzouk e supostamente contra a discriminação, violência policial e racismo sistémico, três dos cerca de 45 mil polícias que foram destacados na última noite ficaram feridos. E de acordo com a mesma fonte, cerca de 350 edifícios e 300 veículos foram danificados.

A avó de Nahel M. já veio pedir calma, dizendo que parte dos manifestantes estão utilizando a morte do neto como uma desculpa para destruir o país. “Quero que tudo isto acabe. Peço às pessoas que estão destruindo coisas que parem. Não destruam as escolas. Não destruam os carros”, afirmou Nadia em declarações ao canal de notícias francês BFMTV.

As autoridades francesas ficaram chocadas no domingo depois que um carro incendiado atingiu a casa do prefeito da comuna de L’Hay-les-Roses, a 5,5 km do centro de Paris. Várias delegacias e prefeituras têm sido alvo de incêndios ou vandalismo nos últimos dias, mas um ataque pessoal à casa de um prefeito é incomum. O prefeito Vincent Jeanbrun disse que sua esposa e um de seus filhos ficaram feridos no ataque às 1h30 da manhã enquanto dormiam, e ele estava na prefeitura monitorando a violência.

Jeanbrun, do partido conservador de oposição Os Republicanos, disse que o ataque representa um novo estágio de “horror e ignomínia” nas manifestações. O procurador regional Stéphane Hardouin abriu uma investigação por tentativa de homicídio, afirmando em uma entrevista à televisão francesa que uma investigação preliminar sugere que o carro foi destinado a colidir com a casa e incendiá-la. Ele disse que um acelerador de chamas foi encontrado em uma garrafa no carro.

Macron culpou as redes sociais por alimentar a violência. O ministro da Justiça da França alertou que os jovens que compartilham chamadas por violência no Snapchat ou em outros aplicativos podem enfrentar processos judiciais. Culpar as redes sociais e os games pela situação em Paris é claramente uma cortina de fumaça.

O vídeo da morte do jovem argelino mostrou dois policiais na janela do carro, um deles com a arma apontada para o motorista. Quando o adolescente avançou, o policial disparou uma vez através do para-brisa. O policial acusado de matar Nahel foi indiciado preliminarmente por homicídio doloso. Treze pessoas que não obedeceram às abordagens no trânsito foram mortas a tiros pela polícia francesa no ano passado e três este ano.

Em vez de recomendar que ninguém, independentemente da etnia, desobedeça uma ordem policial e tente fugir numa abordagem, os incendiários preferem falar em racismo estrutural, repetindo a ladainha da esquerda americana. A questão imigratória é delicada na Europa toda, pois os multiculturalistas acham lindo quando imigrantes, muitas vezes ilegais, desrespeitam as leis e a cultura do país que os abrigou, criando guetos com leis próprias incompatíveis com os valores ocidentais.

Em meio a tal crise cultural, culpar as redes sociais é típico dos “progressistas” como Macron, mais preocupado com “salvar a Amazônia” do que garantir segurança para os cidadãos franceses. Claro que neste ambiente a direita nacionalista vai avançar. Foram vistos grupos de nacionalistas patrulhando as ruas de Lyon para restaurar a ordem. Enquanto marchavam, eles gritavam: “Azul, branco, vermelho, a França para os franceses”.

Nunca devemos subestimar a capacidade da esquerda de destruir cidades, nações ou mesmo civilizações inteiras. Como reação, muitas vezes surgem movimentos reacionários, o que é até compreensível diante do quadro de bagunça produzido pelas ideologias esquerdistas. Não é uma boa solução, porém, e o caos vai se alastrando como resultado desse embate.

Tudo isso é muito lamentável e poderia ser evitado se as ideias “progressistas” não seduzissem tanta gente, em especial das elites no poder. Fica difícil ser otimista vendo Paris em chamas com tanta frequência, e a reação da imprensa, que prefere responsabilizar a polícia pelos problemas. O professor Olavo de Carvalho foi profético uma vez mais quando disse, anos atrás, para todos visitarem Paris logo, antes que a cidade fosse totalmente destruída…

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