No final do ano passado, em Brasília, onde fui participar de um papo com gente espiritista para lá de arretada de ótima, topei na saída do aeroporto com um jovem atencioso, de blusa de números em bolinhas e estampas de animais, encarecendo-me apoio à Binbibras, projeto de instituição de uma estatal, já em tramitação no Congresso Nacional, tornando oficial o bingo (bin) e o jogo de bicho (bi) no Brasil (bras).
Desculpando-me por nada entender sobre a matéria, apesar de conhecer pelos jornais e revistas alguns comentários moralistas emitidos por mentes jumentálicas, dele recebi de até logo, um livreto popular impresso numa linotipia fuleira.
O presente recebido continha uma historinha, típica das que se multiplicam em tempos de campanha eleitoral, onde burburinhos, fake news e fuxicos se decuplicam pelos quatro cantos do país. Transcrevo-a abaixo com todas as letras:
Um presidente da nossa República, em visita à Europa, resolveu encontra-se com a Elizabeth, a sempre nunca muito simpática rainha da Inglaterra. Conversa vai, conversa vem, o presidente indaga, através de um intérprete que também tinha ganho uns “trocados” quando da passagem do Queen Mary 2 pelo Rio de Janeiro, promovendo interlocuções entre turistas e mulatas, na viabilização de rebolados sem nenhuma enfiação a:
– Majestade, a senhora me impressiona, mesmo com esse chapéu. Como pode estar sempre cercada de gente inteligente? Como a senhora executa suas escolhas? disse o nosso mandatário incultamente curioso.
Com sorriso treinado desde os anos 50, ela responde:
– Muito simples, presidente. Eu os deixo em alerta sempre. Faço um teste de QI regularmente, só para ver se a inteligência deles ainda está viva, bolindo e criativa para enfrentar os nossos problemas.
O nosso presidente ficou surpreso:
– E como a senhora faz isso?
A rainha concorda em lhe mostrar um exemplo. Pegou o celular e ligou para o Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico, de acentuados traços pinoquianos:
– Bom dia, Boris. Tenho um pequeno teste para você.
Boris Johson Blair, de cabelo não escovado mas todo educado, escondendo mais uma poeirinha debaixo do tapete, respondeu:
– Bom dia, Majestade. Pois não, estou pronto para o teste. Pode perguntar.
E a Elizabeth, sem tirar o chapéu, externou a questão:
– O teste é o seguinte: “é filho do seu pai e da sua mãe, mas não é seu irmão, nem sua irmã. Quem é?”
O Boris, sempre de dentes arreganhados, de bate-pronto:
– Muito simples, Majestade. Sou eu mesmo!! E recebe os aplausos da rainha:
– Bravíssimo, caro Johnson. Como sempre, inteligente!!
O presidente brasileiro ficou impressionadíssimo:
– Uau!!! De volta ao Brasil, decidiu pôr em pratica a técnica que aprendeu com a rainha. Telefona para o Procurador Geral da República e manda ver:
– Amigo, é o presidente! Tenho aqui um pequeno teste de inteligência que eu trouxe da Inglaterra.
O PGR, ainda com os processos contra o presidente sempre debaixo dos tapetes, atende prontamente:
– Tudo bem, Chefe, pode mandar! E o mandatário questiona: – Seguinte: “é filho da sua mãe e do seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?”
Atordoado, o PGR argumenta:
– Ah, Chefe amigo, eu não esperava um teste assim, de supetão. Tenho que pensar alguns minutos. Telefono depois, certo? No que o presidente aceitou:
– Sem problemas, brother.
Desfeita a ligação, o PGR de pronto liga para o vice do presi, considerado um homem tido e havido como de bom raciocínio. E repete a pergunta feita pelo presidente. Ao que o vice prontamente responde:
– Ora bolas, sou eu mesmo, colega. O PGR vibra com a resposta ultrarrápida:
– Muito bem, colega, você sempre arretado! Obrigadinho de coração!!!
Alma aliviada, o PGR retorna ao Chefe Maior:
– Senhor presidente, poderia formular sua pergunta novamente, por favor? Creio que tenho a resposta. O presidente não se fez de rogado:
– Muito bem: “é filho da sua mãe e do seu pai, mas não é seu irmão nem sua irmã. Quem é?” E o PGR, sentindo-se vitorioso, à queima roupa responde:
– Simples, presidente. É o vice-presidente!!
O livro recebido do jovem é Testamento Político, do Cardeal Richelieu, manda-chuva francês por mais de 25 anos. Pouco lido, traz algumas pérolas, além da historinha acima: “A experiência do passado nos deve fazer temer o futuro”; “Nada mais perigoso num Estado do que pôr em grande autoridade certos espíritos que não têm luzes suficientes para se conduzirem por si mesmos e pensam, entretanto, ter demais para necessitarem de conselho alheio”; “Quem percebe de longe, nada faz por precipitação”.
Pela amostra acima, um livro por demais precioso para os não-medíocres, às vésperas de uma nova eleição presidencial.
Caro mestre,
Impressionante como a frase do Cardeal francês se encaixa como uma luva no energúmeno cachaceiro e ladrão de nove dedos.
Isso mesmo, Sr. adonisoliveira.
Energúmeno, cachaceiro, ladrão e descondenado.
E ainda tem uns burrinhos que preferem ele ao Bolsonaro.
Como tem gente idiota neste mundo, meu Deus!!!
Quando o inteligente presidente da nossa República ouviu o Procurador dizendo que era o vice-presidente ele logo se apressou em dizer: não seja burro, é o Boris Johnson.