PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

O dia abriu seu para-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado…

Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo… Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,

Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude…

Mário Quintana, Alegrete-RS, (1906- 1994)

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