JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

Foi um tiro, um só, no coração
As palavras que ela me enviou
Num bilhete escrito, me deixou
Sem juízo, sem lugar ou direção.
Redigido na força da emoção?
Eu não sei. Só sei que me destruiu
Que acabou o meu mundo, que caiu
Num buraco a vontade de viver
Prometi a mim mesmo esquecer
A autora da dor que me afligiu.

Só Deus sabe – só Deus! – o que sentiu
O meu peito na hora da leitura
Invadiu-lhe a flecha da amargura
Numa força tão bruta, quanto ardil.
O meu senso na hora se partiu
Os meus pés vacilantes me pararam,
Minhas mãos tremulantes seguraram
O papel flagelante à minha vista
Meu olhar lacrimante foi basista
E dois rios pujantes me inundaram.

2 pensou em “PAPEL FLAGELANTE

  1. Parabéns, querido poeta Jesus de Ritinha de Miúdo, pelo belo poema em decassílabos, cheio de lirismo e dor, que mostra até que ponto uma desilusão amorosa é capaz de aniquilar a alma de quem ama. O final diz tudo:

    “Meu olhar lacrimante foi basista
    E dois rios pujantes me inundaram..”

    Lindíssimo!!!!!!

    Grande abraço.
    .

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