CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Este colunista na arena

Há vários anos sou partícipe de academias de letras. Apenas uma vez, entretanto, fui instado a proferir uma palestra.

E evitando que os espectadores sofram a chatice da maneira geralmente comum, quando o apresentador fica lendo um trabalho, quase sempre de várias folhas e mal levanta a cabeça para se mostrar aos que estão no auditório, parti para a inovação.

Organizei mesas e cadeiras de forma que pudesse apresentar um esquete, em pleno salão de festas – por se tratar de um clube social – como se fosse uma arena – integrando os espectadores ao espetáculo e seus atores.

E sabendo que esquete é uma pequena peça teatral em tons humorísticos, entendi que eu poderia comentar a trajetória da Instituição de modo sério, todavia com toques pitorescos.

Aproveitando minha experiência teatral, planejei dosar a apresentação do sério com o pitoresco.

Primeiramente reunimos 12 acadêmicos e convoquei, de improviso, para atuar durante a representação, alguns “figurantes”solicitados ao auditório.

Recebendo cada um deles – os atores – um texto pronto para responderem às minhas indagações, devidamente postados na tribuna e apresentados através de dados curriculares, sob o foco de câmera e holofote, iniciei a palestrice.

Tudo deu a entender que éramos de fato amadores em uma peça teatral formalizada. E foi mesmo, porque, dias antes fiz dois ensaios. Um com os técnicos do som com imagem e outro com os atores.

Antes porém de surpresa, recebi homenagens da Mesa Diretora da assembleia acadêmica, que exibiu mensagem no telão de Edson Mendes, que por razões de saúde não compareceu. Foi um momento sensibilizante.

O 1º Ato da peça se iniciou quando solicitei aos três presidentes que estavam na Mesa da Assembleia da Academia para tomarem assento em cadeiras reservadas no auditório. Passando eles a serem espectadores.

Postei-me na arena e dei algumas informações sobre um teatro de arena, como aqueles da antiga Grécia, depois descrevi partes do Teatro Santa Isabel, o Teatro Regina, do Rio de Janeiro e o Teatro Amazonas, de Manaus.

Na sequência falei sobre os bastidores, as coxias,os camarins e os cenários. Completei informando que ali, naquele instante viveríamos um teatro de improvisos, não uma palestra.

O momento realmente emocionante foi a surpresa de ver surgir no telão instalado num grid, o saudoso Dr. Carlos Emílio Schuler, inspirador e fundador do Clube, apresentado numa das minhas entrevistas históricas.

Uma comprovação de como nossa Instituição havia surgido.

Do 2º Ato em diante fui convocando as atrizes,começando por Maria José, que falou sobre as duas fazes do Banco onde trabalhamos tantos anos.

Depois, convidamos Porfírio, que narrou sobre o tempo dos jogos amadores de futebol que se transformaram num clube: o Satélite Clube do Recife.

Veio o 3º, o 4º e o 5º Atos, onde o público ficou sabendo como se constituiu o clube, os presidentes mais notáveis, as piscinas de águas verdes, os funcionários que trabalharam de cuecas no BB e mostrei a foto de um deles quase sem roupa, ilustração que fora publicada num livro.

Um delírio na platéia.

Mas era a foto de um dos fundadores, aos seis meses de idade, de fraldas. As surpresas cômicas foram muitas porque sai descrevendo os tipos mais populares e seus apelidos.

Falei até que numa das peças do Teatro dos Bancários cuja trilha sonora foi “Maria Betânia”, valsa que se notabilizou na voz do grande Nelson Gonçalves, tornando-se um clássico da canção brasileira, de autoria do desconhecido Lourenço da Fonseca Barbosa, o fundador da AABB, cujo apelido virou timbre: Capiba.

No final, chamamos, do auditório, Euler Araujo de Souza e Rinaldo Nazário, pessoas que entrevistei, depois que o acadêmico Tarcizo Leite de Vasconcelos descreveu os feitos do atual Presidente.

Os assuntos foram emocionantes, porque naquele instante se falou sobre os seis anos da Gestão atual,como exemplo de administração, mesmo sob a tragédia da pandemia.

E de tão prodigiosa foi que se conseguiu montar uma nova chapa, eleita pela aclamação de Luciano da Silveira Lobo para a nova etapa de comando,cuja posse ocorrerá em setembro próximo.

E assim, no “improviso ensaiado”, contamos a história da Associação Atlética Banco do Brasil-Recife e ganhamos aplausos pela inusitada apresentação de uma rara espécie de “palestrice” teatral.

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