Quando se apagou a chama
E o nosso amor fracassou
Você sem pensar jogou
Meu sobrenome na lama.
A paixão ficou na cama
Acabrunhada e doente
Nos travesseiros da gente
Um sobre o outro colados
Respirando apaixonados
Desentendendo o presente.
Não entendem o presente
Porque são acostumados
A nos verem agarrados
Em um abraço envolvente.
Se de nós jorrava enchente
De suor, gozo em volume
Quando surgiu o ciúme
Restaram aos travesseiros
A presença de dois cheiros
Odorando um só perfume.
Se um único perfume
Perfumava a nossa cama
Nosso amor virou um drama
E o cheiro virou chorume.
Travesseiros sem queixume
Desconhecem nosso enredo
Não sabem que era cedo
Para eu chorando ceder
Se eu temia lhe perder
Te perdi perdendo o medo.
Caro Jesus,
Ter descoberto o tema dos travesseiros só poderia ter sido um poeta genial.
Dessa vez, meu querido, você arrombou a priquita de Chola.
Já ouvi muita música de cornificação falando de cama, de quarto, de sala, do diabo.
Mas de travesseiro, foi de lascar.
Agora, toda vez que vejo dois travesseiros na cama em que durmo com minha “metade cara”, fico pensando na travesseirada que as fêmeas nganadoras merecem.
Só esta parte já mereceria um quadro com moldura barroca:
A paixão ficou na cama
Acabrunhada e doente
Nos travesseiros da gente.
Feliz Ano Novo meu poetíssimo!
Carlos Eduardo, dei uma risada boa com seu comentário.
Obrigado por aparecer.
Feliz Ano Novo para você também, macho.
Aos vinte anos eu tive um amor assim que nossos desejos ficaram ensopados em dois travesseiros brancos numa cama de cabaré.
Jamais imaginei que um poeta, um repentista, pudessem traduzir, sem cacofonia, tema da palestra do Maurício Assuero de hoje no Cabaré do Berto, esse aroma em poesia sem retoque.
Valeu, Jesus de Ritinha.
Feliz 2021 para o grande poeta e família, já que 2020 passou em branco.
Cícero!
Macho, quem na adolescência não ensopou uma cama de cabaré (e saiu sonhando haver encontrado a mulher dos seus sonhos, planejando tirá-la da vida e fugir para um paraíso), nunca soube o que foi felicidade.
Descobrir depois, através de um tio zombador, que os gemidos eram profissionais fazia parte da desconstrução do plano.
Feliz 21 para você também, macho.
Talento gigante e maduro forjado no jovem poeta Jesus.
Belas poesias retratando com fidelidade os sonhos destroçados pelas desilusões dos amantes apaixonados, onde só restaram lágrimas molhando de tristeza, o testemunho dos travesseiros.
Parabéns!!!
Marcos André, a vida segue mesmo depois de parada.
Né não?
Obrigado pela participação.
Feliz vinte e um, macho véi.