Os poetas são quase imateriais;
um painel de crepúsculo, de aurora;
pousam-nos n’alma, cantam, vão-se embora,
sem que nós os vejamos nunca mais.
Eles são nossos filhos, nossos pais;
choram por todos e ninguém os chora;
são sempre do presente, são de agora;
quando sucumbem ficam imortais.
O seu pranto constrói nossa alegria;
tiram da própria dor nossa poesia;
contentes e infelizes vão passando.
Iguais no nascimento, iguais na morte,
são donos de igual vida e de igual sorte;
fogem do amor para morrer amando.
Colaboração de Pedro Malta