DEU NO JORNAL

Luís Ernesto Lacombe

Jornalistas protegem Lula

Boa parte dos jornalistas dos veículos de imprensa está mais para assessores de imprensa do governo Lula

Eu tenho muita saudade da imprensa de verdade. O Brasil também, mesmo que não saiba disso. A semana terminou, com jornalistas que esqueceram seu ofício dando provas cabais de que têm muita culpa pela desgraça que se abate sobre o país. Comentários alucinados na televisão, artigos e editoriais naqueles que já foram os principais jornais do país mostram irrefutavelmente que os profissionais que deveriam buscar a verdade, doa a quem doer, não se constrangem mais em tentar assassinar o mundo real. Os disparates são empilhados numa estrutura esdrúxula, incapaz de resistir a um sopro sequer dos fatos.

A assessoria de imprensa do governo instalada em veículos mamadores de verbas da administração federal, dinheiro dos pagadores de impostos, não se sente culpada por nada e se apressa para inocentar Lula e sua gangue. Descalabro fiscal? Emergência econômica? Talvez nada disso exista… Míriam Leitão, que desistiu do “veja como isso é bom”, partiu agora para o “não está tão ruim assim”: “O país vive uma crise de credibilidade, com erros de análise do mercado, alguns momentos de pura especulação e falhas de comunicação do governo. Não é uma crise fiscal baseada em números”. Mesmo que o jornal para o qual escreve aponte todos os dados e os verdadeiros culpados pela situação econômica gravíssima, Míriam jura que está certa.

Na GloboNews, Daniela Lima se sacode, esperneia, expande ainda mais o gestual, dá gargalhadas nervosas. Ela faz uma tabelinha desengonçada com poderosos como Paulo Pimenta. Ele é sua fonte não confiável; ela é fonte igualmente não confiável do chefe da comunicação do governo. Ela diz que a disparada do dólar é culpa exclusiva das “fake news”, esse ser maldoso, que não pode ser conceituado, mas está sempre à espreita para azedar as maravilhas que o Brasil do PT se atribui. Daniela afirma que “a Polícia Federal está atrás dos adeptos das fake news que afetaram o mercado”.

Paulo Pimenta cita a moça nas redes sociais: “GRAVE: a indústria das fake news está trabalhando para a alta do dólar. Segundo apuração da GloboNews, um perfil vinha divulgando no X uma série de declarações falsas atribuídas a Gabriel Galípolo. Influenciadores do setor financeiro repercutiram as mentiras, causando pânico no mercado e fazendo o dólar disparar”. Pantaleão, personagem do saudoso Chico Anysio, poderia perguntar: “É mentira, Terta?”. E teria como resposta: “Verdade”… Jair Bolsonaro e seus filhos também podem atestar de pés juntos que Pimenta e Daniela nunca mentem, enquanto fogem de agentes da Polícia Federal pilotando motos aquáticas pela Baía de Angra… Num país em que “o dólar é lastreado em memes”, deve ser mesmo assim.

A Folha de S.Paulo faz questão de competir com a turma do Grupo Globo e deu espaço para o coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação, Marco Schneider. Ele escreveu o seguinte artigo: “Risco de aumento da desordem informacional em 2025 é alarmante”. Seu objetivo: defender “o jornalismo sério e plural, a alfabetização midiática e informacional em larga escala, a regulação democrática das plataformas digitais”. Que jeitinho doce de dizer que quer censurar, censurar, e censurar mais um pouquinho… Não a Míriam Leitão, a Daniela Lima, a própria Folha, o Paulo Pimenta. Esses, já deve estar claro, não mentem nunca.

A Folha trabalha para se tornar insuperável e não desiste dessa historinha de que, para “defender a democracia”, foi preciso partir para ilegalidades, arbítrios e abusos. No editorial “O interminável e heterodoxo inquérito das fake news”, o jornal aceita, mais uma vez, a prática de crimes como algo redentor para o Brasil: “Investigação instaurada há quase seis anos é prorrogada por 180 dias, mas turbulência institucional sob Bolsonaro, que respaldava a ação, não está mais presente; STF precisa voltar a atuar com autocontenção”. É isso: “agora que derrotamos o bolsonarismo, podemos parar de rasgar, interpretar livremente e criar leis”. Agora que atacamos a democracia para “salvá-la”, chega de “heterodoxia”, adotemos a “autocontenção”. Na guerra contra o que ninguém pode conceituar – “fake news”, “desinformação”, “desordem informacional”, “discurso de ódio”, “turbulência institucional” –, os malandros acham que venceram, e fingem que venceram de forma limpa.

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