JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Prudente José de Moraes Barros nasceu em 4/10/1841, em Mairinque, SP. Advogado, político e primeiro presidente civil do Brasil (1894-1898), numa eleição direta. Com ele dá-se a ascensão da oligarquia cafeicultora de São Paulo no poder político nacional e a consolidação da Repúlica, que manteve-se em constante disputa após sua proclamação em 1889.

Filho de Catarina Maria de Moraes e José Marcelino de Barros, foi descendente dos primeiros colonizadores de São Paulo. Ficou órfão do pai aos 5 anos; graduou-se advogado em 1863 e passou a exercer a profissão em Piracicaba por 2 anos. Ingressou na politica e elegeu-se vereador em 1865. Na condição de mais votado, assumiu a presidência da Câmara Municipal. Em 1866 casou-se com Adelaide Benvinda Gordo e tiveram 9 filhos. A casa onde viveram, atualmente sedia o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes. Como vereador conseguiu mudar o nome da cidade de Vila Nova da Constituição para Piracicaba, um nome indígena que significa “lugar onde moram os peixes”.

Na eleição seguinte foi deputado provincial (1868-1869) pelo Partido Liberal. Abraçou a causa republicana em 1876 e a causa abolicionista em 1886. Com a proclamação da República, em 1889, passou a integrar a junta do Governo de São Paulo e logo governador do Estado até 1890 No ano seguinte foi eleito senador, exercendo a presidência da Assembleia Nacional Constituinte e a vice-presidència do Senado (1891). Neste ano disputou a presidência com Deodoro da Fonseca, numa eleição indireta, e perdeu. Porém, assumiu a presidência do Senado até 1894, quando foi eleito presidente da República numa eleição direta. Governou o País até 1898 e passou chefiar o Partido Republicano Dissidente.

Em plena crise econômica, em decorrência da política do “encilhamento”, enfrentou intensa oposição política, liderada por militares florianistas; pelo Partido Monarquista que buscava se reorganizar; e por parcelas dos setores médios da população, além da Revolta Federalista no Rio Grande do Sul em 1893-95. Em 1896 licenciou-se do cargo por motivo de saúde, agravando a crise política, que passou a ser enfrentada pelo vice Manuel Vitorino, aliado de Floriano. A crise agiganta-se com a eclosão da Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, liderada por Antonio Conselheiro, e vista como uma reação da Monarquia. Na verdade, era apenas um movimento messiânico pregando uma vida ascética, que atraiu uns 30 mil sertanejos.

Os revoltosos venceram as tropas da Bahia e mobilizou o Exército a enviar tropas federais, sendo vencidas em duas batalhas. A batalha final deu-se em agosto de 1897 com a devastação do arraial de Canudos por uma expedição do Exército de 8 mil homens, equipada com canhões. A batalha resultou numa carnificina denunciada por Euclides da Cunha em seu livro Os Sertões. Pouco depois o presidente reassume o governo na nova sede do governo, o Palácio do Catete. Em 5/11/1897, na recepção dos batalhões que retornavam de Canudos, sofreu um atentado cometido por um soldado, que resultou na morte do ministro da Guerra Marechal Bittencourt. Foi decretado o “estado de sítio” no Distrito Federal, livrando-se dos oposicionistas mais radicais.

Não obstante o período conturbado de seu governo, conseguiu êxitos em questões fundamentais para o País: restabeleceu as relações diplomáticas com Portugal, rompidas por Floriano durante a Revolta da Armada; assinou o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Japão, com o objetivo de fomentar a vinda de imigrantes japoneses; enfrentou a questão diplomática com os ingleses, que tomaram posse da Ilha da Trindade e com a França, que invadiu o Amapá. Nestas questões, valeu-se sempre do arbitramento internacional, contando com os governos de Portugal e Suiça, e foram resolvidas favoravelmente ao Brasil. Obteve sucesso, também, na questão dos limites com a Argentina, arbitrada pelo presidente dos EUA e comandada pelo Barão do Rio Branco.

Não menos fáceis foram as questões econômico-financeiras, herdadas da crise do encilhamento, acentuadas em sua administração, devido aos gastos militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros. Assessorado por seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa. Ao fim de seu mandato em 15/11/1898, gozava de grande popularidade e passou o cargo ao sucessor Campos Sales. Retornou à Piracicaba e retomou a advocacia até 3/12/1902, quando veio a falecer vitimado por uma tubeculose.

Escreveu, entre outros textos, Orçamento e política geral (1888), Projeto de impostos sobre escravos (1888) e A nação brasileira (1894), além dos discursos e um belo manifesto ao assumir, como primeiro civil, a presidência da jovem República Brasileira. Foi homenageado com seu nome dado à cidades em 3 estados: Presidente Prudente (SP), Prudentópolis (PR) e Prudente de Morais (MG). Entre suas biografias, destacam-se Prudente de Moraes: uma vida marcada (1971), de Antonio Barreto do Amaral, Biografia de Prudente de Moraes (s.d.), da Academia Piracicabana de Letras e Os Presidentes: Prudente de Moraes (1983), de Hélio Silva.

3 pensou em “OS BRASILEIROS: Prudente de Moraes

  1. Sucesso Brito nesta empreitada de resgatar os primórdios desta malograda República, que tanto sofrimento e miséria trouxe ao povo brasileiro.
    A nossa história, talvez, quem sabe?, poderia ter sido melhor sob o comando da Princesa Isabel; pior, com certeza, não teria sido.
    Abraços,
    Airton

  2. Certamente com uma mulher no comando poderíamos estar melhor. Já tivemos uma e não deu certo. Temos outra oportunidade agora em outubro. Minha candidata é Simone Tebet

    • Desculpe, Amigo. Como você mesmo disse: Tivemos uma – e que uma! – e não deu certo. Não teremos outra. Não se trata de homem ou mulher, mas de Princesa e de “cidadãos”.
      Abraço,
      Airton

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