Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 7/12/1843. Um dos primeiros fotógrafos do Brasil, teve atuação destacada no período 1860-1922, constituindo o mais importante legado visual do País neste período. Suas fotos retratam diversos aspectos da vida brasileira, com ênfase nos processos de modernização urbana e vistas panorâmicas do Rio de Janeiro.
Filho de Alexandrine Caroline Chevalier e Zéphyrin Ferrez, gravador de medalhas e escultor vindo como membro da Missão Artística Francesa. Ficou órfão de pai e mãe aos pais aos 7 anos, e foi mandado para a França, onde foi morar com o escultor e gravador Alphée Dubois; estudou até a adolescência, e retornou ao Brasil. Foi trabalhar na casa Leuzinger, uma papelaria e tipografia com uma seção de fotografia. Aí aprendeu a técnica fotográfica com Franz Keller.
Aos 21 anos abriu a firma Marc Ferrez & Cia., um estúdio fotográfico, e logo tornou-se um dos principais fotógrafo da Corte. Aprimorou a técnica fotográfica com estudos de física e química, estando sempre a par das últimas novidades técnicas e importando novos equipamentos da Europa. Foi além de seu ofício mantendo o comércio de equipamentos e materiais fotográficos. A partir de 1905, junto com os filhos Júlio e Luciano Ferrez, passou a dedica-se também ao cinema, tornando-se dono do “Cinema Pathé”, um dos primeiros do Brasil, e distribuidor de filmes.
Na década de 1870 realizou a documentação fotográfica de diversos eventos, como a construção do Arco do Triunfo e do Templo da Vitória, no Campo da Aclamação, bem como os festejos públicos ao término da Guerra do Paraguai. Em 1872 fotografou as festas em diversas ruas, comemorando o retorno da família imperial, após longa estadia na Europa. No mesmo ano, a pedido da comissão organizadora da 3ª Exposição Nacional, fotografou o evento, cujas fotos foram enviadas à Exposição Universal de Viena.
Em 1873, um incêndio destruiu sua loja/residência, fazendo-o partir para a Europa, a fim de readquirir os materiais e equipamentos. Retornou em 1875, restabeleceu sua empresa e integrou-se à Comissão Geológica do Império do Brasil, chefiada pelo geógrafo canadense Charles Frederick Hartt. Esta foi a primeira expedição de caráter científico, realizada no século XIX, e ele foi o primeiro a fotografar os índios botocudos, na selva no sul da Bahia. Em seguida, passa a viajar e fotografar as principais cidades brasileiras, com destaque para a capital do país.
Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, sendo premiado com medalhas de ouro em Filadélfia (1876) e Paris (1878). Em 1880 recebeu o título de “Photographo da Marinha Imperial” e da Comissão Geográfica e Geológica do Império. No mesmo ano providenciou a importação de um aparelho fotográfico para a execução de grandes imagens panorâmicas e procurou aperfeiçoar o aparelho. Seus contatos com a indústria fotográfica, em Paris, eram constantes. Em 1881, introduziu no mercado nacional as primeiras chapas secas elaboradas pelos Irmãos Lumière. Anos depois, introduziu no País as chapas de “autochrome”, também lançadas pelos Irmãos Lumière em Paris, em 1912.
Participou das reuniões da Société Française de Photographie, em 1885, onde apresentou sua câmara para panorâmicas de grandes dimensões e presenteou a instituição com vistas panorâmicas do Brasil, medindo 1,08 m de comprimento, e 2 álbuns contendo numerosas paisagens do País. Neste ano foi agraciado com o título de “Cavaleiro da Ordem da Rosa, pelo Imperador Dom Pedro II. Tendo em vista a realização da Exposição Universal de Paris, em 1889, o Barão do Rio Branco organizou o Album de Vues de Brésil, com suas fotografias, para ser enviado à Exposição. Pouco depois associou-se a Henri Gustave Lombaets, encadernador da Academia Imperial de Belas Artes, fundando a empresa Lombaetes, Marc Feerrez & Cia. e passa a editar postais, o jornal A Estação e o álbum Quadros de História da Pátria.
Em 1895, realizou experiências com luz oxietérica e raios X em seu laboratório, junto com o cientista Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional. Em 1899 lançou uma série de postais executado com a técnica da fototipia. Em 1900 realizou a documentação fotográfica das comemorações do IV Centenário da descoberta do Brasil. Em 1907 publicou o álbum Avenida Central: 8 de março de 1903-15 de novembro de 1906. Trata-se do registro das transformações urbanas empreendidas pelo prefeito Francisco Pereira Passos, em princípios do século XX. Seus filhos Júlio e Luciano Ferrez passam a se dedicar mais ao cinema e criam a Companhia Cinematográfica Brasileira, tornando-se mais tarde na Casa Marc Ferrez Cinemas e Eletricidade. Por essa época surge uma nova tecnologia: a fotografia em cores naturais. Em 1915 viajou à Paris, visando incorporar esta novidade em seu ofício e fica por lá durante 5 anos. Retorna doente em 1920 e falece em 12/1/1923.
Seu grande acervo de fotos foi adquirido em 1998 pelo IMS-Instituto Moreira Salles, do seu neto, o historiador Gilberto Ferrez. Todo o acervo conta com mais de 5.500 imagens, sendo 4000 negativos originais de vidro. O IMS passou a organizá-lo e apresentá-lo num trabalho de recuperação e pesquisa, cuja mostra, “O Brasil de Marc Ferrez – Fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles”, reúne 350 imagens e foi apresentada ao público em algumas cidades brasileiras e no Museu Carnavalet, em Paris em 2005.
Mais um grande texto. Esta série vai acabar dando um livro. Parabéns, mestre José Domingos.
Grato Dom José Paulo pela sugestão
Antes do livro vou organizar o acervo com mais de 300 sínteses biográficas em meu site http://www.tirodeletra.com.br, que estou reorganizando para incluir o “Memorial do Povo Brasileiro” em duas partes: homens e mulheres e índice para facilitar as consultas