Gregório Lourenço Bezerra nasceu em Panelas, PE, em 13/03/1900. Político e revolucionário. Trabalhou na agricultura ainda criança e ficou órfão do pai aos 7 anos, e da mãe aos 9. Foi morar no Recife junto a família dos fazendeiros que empregavam seus pais, mas não ficou muito tempo. A promessa de estudar não progrediu e permaneceu analfabeto até os 25 anos. Passou boa parte da adolescência dormindo na rua e entre as catacumbas do cemitério de Santo Amaro. Nessa época trabalhou como carregador de malas na estação ferroviária, ajudante de pedreiro, jornaleiro etc.
Como vendedor ambulante de jornas, começou a se interessar pela política, através da leitura que os colegas faziam para ele. Em 1917 foi preso pela primeira vez, quando participava de uma passeata no Recife, reivindicando direitos trabalhistas e em apoio à Revolução Bolchevique, na Rússia. Passou 5 anos preso na Casa de Detenção do Recife, atual Casa de Cultura, onde conheceu o cangaceiro Antônio Silvino, do quem se tornou amigo. Ao sair da prisão, em 1922, e com dificuldades de arrumar emprego, alistou-se no Exército. Aí certificou-se da necessidade de alguma disciplina para aprender a ler e escrever e dedicou-se, como autodidata, à sua própria alfabetização.
Animou-se com a carreira militar e entrou na Escola de Sargentos de Infantaria, no Rio de Janeiro, em 1924, permaneceu por 2 anos e logo foi promovido a instrutor da Companhia de Metralhadoras Pesadas, devido a sua disciplina e determinação. Em 1929, foi transferido para Recife já como sargento. Motivado pelos amigos e diante da enorme desigualdade social, filiou-se ao PCB-Partido Comunista Brasileiro sem se desligar do Exército. No mesmo ano transferiu-se para o Rio de Janeiro, por ter conseguido matricula na Escola de Educação Física do Exército. Disciplinado, logo foi designado instrutor de educação física do Colégio Militar de Fortaleza, em 1932. Por sua própria conta, criou uma célula do PCB em Fortaleza, contrariando a orientação do partido.
Em 1935 participou da “Intentona Comunista”, movimento político promovido pela ALN–Aliança Libertadora Nacional, na condição de líder dos militares. Na tentativa de conseguir armamentos do CPOR, foi preso acusado pela morte de um tenente e ferimento de outro. Foi submetido a severas torturas e recebeu uma condenação de 28 anos, primeiro em Fernando de Noronha, seguida por outra temporada no Rio de Janeiro, no Presídio Frei Caneca. Nesta ocasião, dividiu a cela com o secretário-geral do PCB, Luís Carlos Prestes. Foi aí que aprimorou seus conhecimentos sobre as condições econômicas e políticas do Brasil, bem como sobre o movimento comunista internacional.
Com o fim do Estado Novo e a legalização do PCB em 1945, foi anistiado e designado como o principal candidato do partido à Assembleia Nacional Constituinte. Elegeu-se deputado federal por Pernambuco, em dezembro de 1947, com a maior votação do estado. Em janeiro de 1948 foi cassado junto com todos os parlamentares comunistas e passou a viver na clandestinidade por 9 anos. Neste período viajou para Goiás e Paraná, organizando núcleos sindicais. A terceira prisão veio em 1964, com o Golpe Militar. Foi preso enquanto organizava a resistência armada dos camponeses ao golpe em apoio ao governo de João Goulart (federal) e Miguel Arraes (estadual). Levado para o Recife, sofreu as mais terríveis torturas e humilhações públicas. Teve os pés imersos em ácido de bateria e foi obrigado a andar sobre britas. Em seguida foi amarrado em um jipe e arrastado pelas ruas de Casa Forte, enquanto o tenente-coronel Darcy Viana Vilock incitava a população a linchá-lo. O povo, consternado pela cena, não atendeu a incitação do coronel. Estas cenas foram transmitidas ao vivo pela televisão.
Em 1967 foi condenado a 19 anos de prisão, e foi libertado em 1969 junto com outros 14 presos políticos, em troca da libertação do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, sequestrado pelos guerrilheiros. Passou a viver na Rússia, México e Cuba, só retornando ao Brasil em 1979, com a promulgação da anistia. Em seguida começou a divergir do PCB e desligou-se de seus quadros. No mesmo ano publicou sua autobiografia “Memórias”, relançada em 2011 pela Boitempo Editorial. Pouco depois, filou-se ao PMDB, partido de oposição ao Governo, e candidatou-se a Deputado Federal, em 1982, aos 82 anos. Perdeu a eleição, mas ganhou a suplência. No ano seguinte, com a saúde abalada, declarou: “Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das ditaduras fascistas”. Faleceu em 21/10/1983. Em sua homenagem, o poeta Ferreira Gullar compôs o poema-cordel intitulado “História de um valente”.
Valentes, conheci muitos,
e valentões, muito mais.
Uns só valente no nome
uns outros só de cartaz,
uns valentes pela fome,
outros por comer demais,
sem falar dos que são homem
só com capangas atrás.
Mas existe nessa terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar gente
mas não teme matador,
que gosta da sua gente
e que luta a seu favor,
como Gregório Bezerra,
feito de ferro e de flor.
Em 2004 foi realizado o documentário “Gregório Bezerra, feito de ferro e de flor”, dirigido por Anna Paula Novaes, Raquel Barros e Rosevanya Albuquerque. O filme ganhou os prêmios de Destaque e Menção Honrosa no Festival Brasileiro de Cinema Universitário.
Mais um santinho que se tivesse tomado o poder teria feiro o inferno do povo realmente trabalhador do Brasil. Pisicopata.
Aécio
Quantos anos você tem? Conhece um pouco, apenas um pouco da história do Brasil? Não conhece e a culpa talvez não seja sua. Se conhecesse, mesmo um pouco, teria mais respeito não pela pessoa do Gregório Bezerra, e sim pela história deste País, que você inadvertidamente alega que vem defendendo mesmo sem saber porque sob o domínio de mentes doentias, que vêm fazendo um grande estrago para o conhecimento das gerações de agora e do futuro até 2022, quando esperamos que essa tormenta se acabe.
Berto Filho, o editor deste Jornal, em sua adolescência esteve com Gregório Bezerra e Miguel Arraes num palanque político em Palmares. Que bela foto perdemos! Ou será que existe alguma perdida por aí?
Mais tarde, quando se fez escritor, escreveu um romance onde Gregório tomou boa parte e mostrou-o na humilhação que sofreu no Recife, em 1964, sendo arrastado por um jipe nas ruas de Casa Forte, no Recife..
Quem quiser conhecer melhor Gregório pode ler o livro “A Guerrilha de Palmares”, do Berto, que vai ter uma ideia da coragem e da dimensão deste homem.
Sancho pergunta a Luiz Berto: seria interessante conhecermos um pouco desta parte da história pela ótica que quem possui o respeito da comunidade fubânica e VIVEU INTENSAMENTE esta página encarnada de nossa história.
Quanto ao Brito, o que dizer de um de nossos maravilhosos historiadores? Eis um daqueles textos que nos levam ao passado, pois de uma forma ou outra o PARTIDÃO mexeu com o Brasil.
Sancho aproveita e manda um abraço irmão ao grande comunista Pasquim, um jornaleiro lá da Lapa-SP.
Sancho é de direita mas (vermelhusco mas), possui alguns irmãos de jornada vermelhos. Quem manda em nossos corações?
E sabe qual a grande vantagem de ter amigos vermelhos? Assunto nunca falta e a relação nunca cai no marasmo da rotina
Grato Sancho. Sempre disse que você é o fiel escudeiro
Brito,
Gregório Bezerra foi um ícone da esquerda brasileira. Era um homem totalmente desprovido de ambição material. Sua luta era pela igualdade entre os homens, mas ele, na sua sinceridade, não percebia que os homens só enxergavam a ambição.
O PT, LULA e seus satélites estão ai para provarem.
Parabéns pelo artigo, grande memorialista. Li-o e reli-o satisfatoriamente.
É tudo verdade, Cicero
Naquela época nosso Gregório não sabia o que sabemos agora, que no capitalismo o que predomina é a exploração do homem pelo homem e que no comunismo se dá exatamente o contrário, rsrsrsrsrsr