És orgulhoso altivo. Também eu.
Nem sei bem qual de nós o será mais,
as nossas forças são rivais:
se é grande o teu poder, maior é o meu.
Tão alto anda este orgulho! Toca o céu.
Nem eu quebro nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos. Como tais
nenhum de nós ainda se rendeu.
Ontem, quando nos vimos frente a frente,
fingiste bem esse ar indiferente…
e eu, desdenhosa, ri, sem descorar…
Mas que lágrimas devo àquele riso!
E quanto, quanto esforço foi preciso
para, na tua frente, não chorar !
Virgínia Vitorino, Alcobaça, Portugal (1895-1967)
Virgínia, esta poeta passou dos 70, o que era raro em sua época, quase toda no século XX.
Tinha um rival a pobre, provavelmente um amor que terminou em ódio contido.
Este soneto a mim demonstra que o orgulho não é um bom companheiro.
Pode até render alguns versos, porém faz mal à alma.