CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Símbolo de orgulho

Outro dia conversando com um intelectual chegamos à conclusão de que “vaidade não é virtude e sim defeito”.

E examinando meus defeitos notei que carrego, já por vários anos, uma penca de vaidades; das mais simples e ocultas, às mais visíveis. Todavia, sinto-me mais orgulhoso do que vaidoso.

Acredito que orgulho é coisa que provém do sentimento de realização. Por exemplo: sinto-me orgulhoso por estar aparecendo todos os sábados neste jornal, onde estão profissionais os mais representativos da antiga Imprensa, de renomados escritores – como o nosso editor Luiz Berto – além de comunicadores e artistas os mais competentes da atualidade.

Há anos, olhando as prateleiras de um sebo, descobri dois exemplares do livro sobre a AIP – Associação da Imprensa de Pernambuco, magnificamente escrito por Carlos Leite Maia. Comprei os dois, principalmente porque fui encontrar meu nome numa relação de associados, coisa que me encheu de orgulho.

Em outros tempos adquiri um, em livraria normal, que citava meu nome na bibliografia, e calculando a importância da referência, fiquei animado, face ao orgulho. Levei-o para casa, por compreender que a citação fazia referência a vários trabalhos publicados.

Como sou um inveterado frequentador de sebos, catei outro, de autoria de Valter da Rosa Borges, que traçava a história do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco, onde também constava meu nome.

Nestas três atitudes não se pode dizer que foram apenas iniciativas para elevar meu ego, mas formas de comprovar alguma atividade que viesse a dar aos meus netos uma ideia de minha trajetória intelectual, o que muito me orgulhava.

Quem não fica orgulhoso em poder provar que sua atividade intelectual tem sido registrada em vários livros, jornais e revistas? Se isto for pecado vou sair “desta para u’a melhor” carregado de bagagens. Mas acho que não chega a ser apenas vaidade, embora muitos assim se afirme.

Desde jovem costumo guardar recortes de jornais e revistas onde foi publicado o meu nome. Isto talvez já significasse minha atividade de cronista aflorando.

Aos 15 anos, quando estive com o Teatro de Amadores de Pernambuco, no Rio de Janeiro, a revista “O Cruzeiro” (o principal orgão dos Diários Associados) publicou uma reportagem de José Alberto Gueiros, intitulada “Pernambuco exporta teatro”, na qual constava a relação dos atores e meu nome lá estava. Guardei até hoje, cheio de orgulho.

Ao saber que vaidade é a qualidade do que é vão, vazio, firmado sob aparência ilusória, sinto-me, então, orgulhoso por essas publicações, porque, orgulho é um sentimento de prazer, de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra.

Segundo os dicionaristas, orgulho é um sentimento gerado pelo reconhecimento do valor de uma pessoa ou de algo, em geral, relativa a si próprio ou a alguma conquista pessoal.

De resto, são coisas distintas, orgulho e vaidade.

Um comentário em “ORGULHO E VAIDADE

  1. A vaidade se aproxima mais da soberba, um dos 7 pecados capitais.

    O orgulho, a meu ver, tem que vir junto da humildade e do reconhecimento alheio, para ser positivo.

    Não é algo que se coloca na nossa vitrine.

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