Olhos tristes, que são como dois sóis num poente,
cansados de luzir, cansados de girar;
olhos de quem andou na vida, alegremente,
para depois sofrer, para depois chorar…
Andam neles agora, a vagar, lentamente,
como as velas das naus sobre as águas do mar,
todas as ilusões do vosso sonho ardente…
Olhos tristes, vós sois dois monges a rezar.
Ouço, ao ver-vos assim, tão cheios de humildade,
marinheiros cantando a canção da saudade,
num coro de tristeza e de infinitos ais…
Olhos tristes, eu sei vossa história sombria,
e sei quanto chorais, cheios de nostalgia,
o sonho que passou e que não torna mais!
Luís Edmundo, Rio de Janeiro, (1878-1961)