CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

Pierre Collier, o filho bastardo de Polodoro

“Crônica dedicada ao jornalisteiro Augusto de Arruda Botelho, por escrever essa pérola: Bolsonaro não concedeu graça a Daniel Silveira; Bolsonaro deu um golpe.

Neco de Zefa era um matuto apombalhado que saiu do distrito de Lagoa do Carro, Pernambuco, nos anos oitenta para cursar Ciências Políticas na UFPE.

Seu sonho: Ser professor estadual e municipal!

Como se destacava dos demais calouros por ser grandalhão, fez amizade na classe com o colega Jeferson Flor, um rapagão falsa bandeira da capital, freqüentador assíduo das baladas afrangalhadas das noites do Recife.

Entrosado em todos os trabalhos de classe, Neco de Zefa não desconfiava das tendências viadais de Flor e convidou-o para ir ao sítio dos pais em Lagoa do Carro para passar um final de semana em contato com a natureza e os animais de estimação.

Jeferson adorou a ideia e num final de semana viajou com Neco para o sítio. Chegando lá ficou encantado com o negão Adamastor Pezão, pau para toda obra no sítio, um metro e oitenta e oito de altura, braços e dedos grossos, beiço de gamela, butina quarenta e quatro nos pés… Era um Hulk Preto!

Além de Adamastor Pezão, Jeferson ficou com água na boca quando viu o jumento Pierre Collier, com a pomba dura, maior do que a de Polodoro, pra lá e pra cá, correndo atrás das jumentas no cio. Era pai de todos os jegues e éguas que nasciam no sítio! Um gigante!

À noite, quando todo mundo estava dormindo, Jerferson Flor, não resistindo ao tamanho da pajaraca de Pierre Collier, levantou-se da cama de campanha na ponta dos dedos dos pés, e, no silêncio da noite, foi direto à estrebaria onde o jumento dormia em pé para provar da mortadela jeguista.

Lá, no escuro da noite sem luar, Jerferson o alisou, passou a mão por todas as partes íntimas do jumento, pegou-lhe na jatumama já pra lá de dura e, não resistindo, arriou a bermuda e deixou entrar só o “chapéu”… Depois do coito zoofílico, correu para cama, todo ensanguentado e dolorido, andando com as pernas abertas, em forma de cangalha.

Manhazinha, Neco de Zefa percebendo a ausência de Jerferson Flor na hora do café, foi até a estribaria da casa onde ele se encontrava deitado. Encontrando-o gemendo e com o oi da goiaba sangrando.

Assustado com a cena furical, Neco perguntou o que aconteceu:

– Neco – disfarçou Flor – me desculpa cara. Mas é que eu não resisti à noite, tomei a liberdade de andar de cavalo, pus a sela em Pierre Collier e, quando escanchei as pernas e fui apoiar as nádegas, sentei-me mesmo no pito da sela que entrou todinha no meu ânus e desde ontem está sangrando e doendo muito!

Assustado com o desmantelo grande, Neco de Zefa não perdeu tempo diante da situação. Pegou o opala do pai e levou Jerferson às pressas à maternidade local onde havia um clínico geral, com especialidade em proctologia.

Assim que chegou à Unidade Municipal, Neco não perdeu tempo, tibungou com Jerferson no corredor e foi direto para sala de emergência.

O médico que estava de plantão era o clínico geral, especialista em proctologia Hildebrando Sarapião que, percebendo a gravidade do problema e desconfiando da sinceridade de Jerferson Flor, perguntou-lhe:

– Como foi esse acidente, meu filho? Foi no pito da sela mesmo ou você andou fazendo traquinagem que não devia. Olhe, eu vou fazer um tratamento aqui com penicilina e óleo de peroba. Mas se não estancar a sangria eu vou ter de utilizar um antibiótico novo que chegou de Cuba aqui na Unidade. Agora só tem um detalhe: Se você estiver mentindo o remédio vai ter um efeito colateral do caralho! Além de sofrer com insuportáveis dores, vai ter uma hemorragia letal que pode levá-lo a óbito! Portanto, é melhor contar a verdade!

Ao que Jerferson, temeroso, e desconfiado que o médico, experiente, já estava por dentro do “acidente”, confessou:

– Doutor, o senhor está certo! Eu senti uma atração irresistível pela mimosana do jumento do sítio, Pierre Collier, e não perdi tempo! Foi muito bom o desejo, doutor, mas quando entrou o “chapéu”… eu desmaiei e só vim me acordar no outro dia todo ensanguentado com o Neco me chamando e perguntando o que era isso no meu ânus. Agora não conta nada pra ele não, visse doutor! É que eu sou viado, mas gostaria que ele não soubesse!

O médico deu um sorriso irônico no canto da boca e ficou a refletir olhando a imagem de Santo Agostinho instalada na parede da sala de plantão, e pensou:

– Os tempos estão mudando!

Bob Dylan – Os tempos estão mudando

9 pensou em “O VIADO, A SELA E O DOUTOR

  1. Ciço, meu bom compadre:
    Deu-me dor de barriga de tanto rir, imaginando a cena.
    Imagine se, além do “chapeu” também entrasse a cabeça e o pescoço!
    Conto primoroso.
    Abraço e votos de um excelente dia.
    Magnovaldo

    • Estimado Magnovaldo Santos,

      A correria da vida faz com que a gente não se ligue aos amigos e as coisas boas que nos oferecem: a boa vontade.

      Esqueci completamente de agradecer aos amigos aqui presente que comentários O VIADO…

      Abraçaço, amigo por mais esses lustre,

  2. Acompanho o Magnovaldo. Tô rindo até agora, rsrsrs. Só achei que deram um nome, bonito, mas, “mei coisado” pro coitado do jumento, rsrsrs!

    • Caríssimo Beni Tavares,

      Desculpe aí Macho Veio o atraso. Mesmo Tardio o agradecimento nunca é tarde, dizia minha avó materna, Dona Dina do Bundão, que vai inspirar o “menina” do Cabaré de Maria Bago Mole. Por ela três idiotas vão morrer na ponta do punhal e na bala.

      Abraçaço, estimado comentarista.

  3. Parecida com a história do sujeito que andou com o negão tripé, machucou o caneco e foi ao médico alegando ter caído sentado em um toco! O médico sabido falou: “Mano isso tá parecendo machucado de pau, mesmo”! “Não doutor, foi toco”! “Foi pau”! “Toco”! “Pau”! “Toco”! E o médico ladino: “Bom, tenho aqui 2 remédios, um é para toco e outro para pau e um não não faz efeito no outro! O que vai ser?” E o enrustido: “Tá bom doutor, me dê o de pau – mas que foi toco, foi toco”!!!!!!!!

  4. Ciço,

    Infelizmente os tempos estão mudando!

    Seu texto me leva até Esther Quebrarrolla, amiga de minha sogra e que vez por outra vem ao “sabadal” jogo de pôquer aqui no meu “muquifo” perder uma grana para a sogrona.

    “En passant” acabei ouvindo as duas conversando. Dijo Estherzinha: “Yo tengo un trauma con los micropenes, con eso no puedo hacer nada.

    Además reveló que últimamente le estaban tocando muchos chicos con ese problema. “Cuando veo a un chico con ese problema, los descarto”.

    Minha “miserávi” sogra olhou para mim, virou-se para a amiga e fez com a mão, aquele sinal característico de pinto pequeno e, em seguida, caiu na gargalhada.

    Cacarejaram as duas, rindo de Sancho… Os 3 melhores médicos que existem – o doutor riso, o doutor sono e o doutor Pinto de Pé.

    • Sancho!
      Pelo jeito você não tem sorte com véia! Lembre-se, porém, que véia é que nem enxada: Perde o fio, diminui a lâmina, mas o buraco do cabo tá sempre justo!

      • Caro Rieffel

        Com as “véia” só zagalha na mão e concordo com o buraco sempre justo ou apertado igual São Jorge na lua minguante.

        Quanto às amigas da veia sogra, nem Deus com gancho e Nossa
        Senhora com garrancho.

        E a citada amiga da sogra é tão “vagaba” que quando adolescente o professor falava “Prova Oral” e ela ia logo se ajoelhando… kkk

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