PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Quando a cigarra canta é o sol que canta.
Por isso o canto dela acorda cedo
E vai rolando com veemência tanta
Que enche as grotas, os campos e o arvoredo.

Desce aos vales, penetra na garganta
Da serra e acorda a pedra do rochedo.
Parece que da terra se levanta
Um punhado de pássaros com medo.

Em chispas de ouro e vibrações estranhas
Vibram clarins nas notas derramadas …
Estilhaçam-se taças nas montanhas …

E o sol, seguindo o canto que se alteia,
Deita fogo na poeira das estradas
E põe pingos de luz nos grãos de areia.

Olegário Mariano Carneiro da Cunha, Recife-PE, (1889-1958)

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