PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!

Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.

Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;
naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.

Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.

Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.

Gilka da Costa de Melo Machado, Rio de Janeiro-RJ (1893-1980)

Um comentário em “O RETRATO FIEL – Gilka Machado

  1. Um poema muito verdadeiro, e apesar de antigo, é a característica de muitas pessoas dissimuladas.

    Parabéns pela excelente postagem, prezado colunista Pedro Malta!

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