O Papa Francisco em sua audiência geral semanal no Salão Paulo VI, na Cidade do Vaticano, em janeiro
Vai-se um para, o papa Francisco, num momento em que a Igreja Católica está crescendo, principalmente com jovens. Não sei se foi por causa da Jornada Mundial da Juventude. A última foi aqui, pertinho do lugar onde eu estou, em Lisboa, em agosto de 2023.
Papa Francisco ficou hospedado aqui perto de onde eu estou. Eu lembro que fomos contemporâneos, embora eu nunca o tenha visto em Buenos Aires. Mas ele estava se ordenando padre, sacerdote jesuíta, quando eu estava trabalhando lá na Argentina pelo Jornal do Brasil, em 1973, 74 e 75.
Na minha idade, a gente fica lembrando de coisas. A primeira morte de um papa que eu noticiei foi em 1958. Eu trabalhava na Rádio Independente de Lajeado (RS). O Eugenio Pacelli, Papa Pio XII, que teve uma grande atuação na Segunda Guerra Mundial, conversou com nazistas e evitou a destruição de Roma – foi até criticado por isso, mas agiu bem.
Eu vi – fui um dos poucos que viu pessoalmente – um papa que durou só 33 dias, João Paulo I. Eu o vi num domingo na Praça de São Pedro, em 1978. Participei e ajudei na organização da primeira visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, em tempos em que estava na Secretaria de Imprensa da Presidência da República. Enfim, o jornalista muitas vezes acompanha os fatos.
E agora eu vejo esse papa que foi muito criticado por suas posições ideológicas ou políticas. E tem gente prevendo que o próximo papa vai ser o oposto desse, seria de centro-direita. Mas o fato é que o papa tem que ser o pregador do evangelho, tem que seguir o evangelho que está lá nas Escrituras. Vamos ver se o Espírito Santo baixa sobre os cardeais e faz uma boa escolha.
O papa vai ser sepultado, não na Basílica de São Pedro, mas na Igreja de Santa Maria Maggiore, onde os Arautos do Evangelho de São Paulo foram consagrados. Eu estava lá, por acaso, e assisti à consagração. Isso faz aí uns sete, oito, dez anos, por aí. Vamos esperar as decisões do conclave entre a fumaça preta e a fumaça branca.
* * *
Noticiário dominado pelo papa alivia muita gente no Brasil
Enquanto isso, no Brasil, acho que muita gente está respirando por uns dias, graças ao noticiário que se voltou todo para a morte do papa. Por exemplo, o presidente Lula, que está muito criticado no Peru. O presidente do Congresso do Peru cancelou visita ao Brasil, recomendado pelo Ministério de Relações Exteriores do Peru.
A Transparência Internacional diz que vê com preocupação essa tolerância do Brasil com o crime, com o ilícito, com a corrupção. Se eles estão dizendo isso, é porque eles não conhecem o Brasil. Nós que conhecemos sabemos muito bem como há tolerância com o crime.
É por isso que a gente tem tanto crime, por causa da tolerância com o crime. Aqui se devolve helicóptero, lancha de traficante, se cancela processo de corrupção, como a Lava Jato, embora tenha confissão, devolução de dinheiro, acordo de delação premiada, e ainda assim a gente cancela.
Ainda bem que o Peru está levantando esse caso, mostrando que lá no Peru não cancelou. Lá a Lava Jato é para valer. Todas as propinas pagas pela Odebrecht resultaram em condenação de quatro presidentes do Peru e uma candidata a presidente, filha de presidente. Lá é diferente. O episódio serve para nos mostrar isso.
A morte do Papa deu um alívio também a Barroso, que está se explicando sobre a reportagem da Economist, e a Moraes, que também está muito criticado na Espanha por ter liberado um traficante de 52 quilos de cocaína que vai para prisão domiciliar em cima da fronteira com o Paraguai.
O novo Papa será decidido pelo $TF com a ajuda das urnas eletrônicas invioláveis do T$E .