MARCOS MAIRTON - CONTOS, CRÔNICAS E CORDEIS

Acho que todo mundo conhece aquela fase do sono, quando a gente tá começando a dormir, ou quase pronto pra acordar, e vêm à mente imagens e situações que a gente não sabe se é sonho ou pensamento.

Foi o que aconteceu na noite passada, quando eu estava de olhos fechados, esperando o sono chegar, e me vi em um lugar onde dois repentistas se apresentavam.

Comecei a prestar atenção ao que cantavam, e observei que faziam uma espécie de ode, dedicada a alguém conhecido de todos ali.

Era como uma “homenagem”, palavra que escrevo entre aspas, porque os versos não eram nada elogiosos. Pelo contrário.

Quando concluíram, sob aplausos dos presentes, saltei da cama e tentei anotar tudo.

Claro que não consegui reproduzir todos os versos. Mas, juntando os fragmentos que memorizei com versos que eu mesmo criei, para preencher as lacunas que ficaram, foi possível recompor o seguinte trecho da apresentação:

– Eita sujeito que mente!
Que nunca fala a verdade!
Mente em grande quantidade,
Mente tanto que nem sente.
O frio, ele diz que é quente,
O largo, diz que é estreito
Se ele diz que está perfeito,
Veja bem que está quebrado.
Se diz que é seco, é molhado.
Como mente esse sujeito!

– Esse cabra não tem jeito,
Mente assim desde menino.
O grosso, ele diz que é fino.
O certo, diz que é malfeito.
Diz por aí que é direito,
Na verdade é um trapaceiro.
Se o caso envolve dinheiro,
Mente com desenvoltura
Mente assim, na cara dura,
Em mentira é o primeiro!

– Se passar um dia inteiro
Sem contar uma mentira,
A gente até se admira,
Desse malandro embusteiro.
Nem no mês de fevereiro
Diminui a quantidade
Dos ataques à verdade
Que ele fala e pronuncia:
Mente mais vezes ao dia
E com mais velocidade.

– Lá no centro da cidade,
Na hora que ele aparece
Todo mundo já conhece
Sua aversão à verdade.
O mestre da falsidade
E da dissimulação
Capricha na falação,
Mas engana pouca gente.
Talvez engane somente
Meia dúzia de “babão”.

– Na verdade, meu irmão,
Tem muita gente que apoia
Esse tipo de tramoia
De golpe e de enganação.
Eu tenho minha impressão
Sobre esse povo iludido:
Quem apoia esse bandido,
Não sabe o que está havendo,
Ou então é que está sendo
Por ele favorecido.

– Também ando convencido
Que é esse o quadro atual:
Ele engana o pessoal
Mal informado, iludido.
Nessa tarefa, é servido
Por gente que é como ele,
Que nem acredita nele,
Mas vê, com boa vontade,
Que “Inimigo da Verdade”
Seja o outro nome dele!

5 pensou em “O INIMIGO DA VERDADE

  1. Grande e Glorioso Marco: uma maneira muito polida e gentil de definir a lapa de cafajeste mentiroso que atualmente pensa que está dirigindo o Brasil (é a Vice que manda). Um grande abraço.

  2. Se não são mentirosos, seriam autorizados e protegidos pelos julgadores das mentiras que, especialistas como são nesse mister, jamais condenariam a si mesmos?
    Querem um exemplo?
    Pessoas com bandeiras e bíblias na mão são terroristas, nas palavras dos julgadores e assassinos de menores, degoladores de pessoas, estupradores e aqueles que assam bebês em micro-ondas, seriam resistência?
    Critique e ganhe inclusão num inquérito.
    Isso, claro, num país chamado narcobanânia.

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