CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Na gestão de João Baptista Figueiredo na Presidência de República, o último mandatário da Revolução de 1964, durante reunião trimestral da Sudene, no Recife, Amílcar Dória Matos, sendo funcionário da autarquia e escritor, achou z por bem presentear o ilustre visitante com um dos livros de sua autoria: “A morte do Papa”, o que ocorreu através de um dos assessores presidenciais ia, a fim de manter o protocolo.

Terminada a reunião do Conselho Deliberativo, mesmo em meio à barafunda de governadores do Nordeste, secretários, membros da Imprensa e curiosos, o General João Figueiredo, sensibilizado, decide agradecer pessoalmente a oferenda do livro, e como bem próprio era seu estilo procurou localizar o escritor, e em alta voz – posto que seu Ajudante de Ordens estava um pouco distante – soltou o verbo sem cerimônia, ecoando sua solicitação como uma situação de urgência:

– Procurem o homem que vai matar o Papa!…

Começou o burburinho. Verdadeiro frenesi. O Serviço de Segurança do “homem” ficou sem saber como iniciar uma ação, porque o caso era inusitado. Somente depois de alguns minutos é que Amílcar se apresentou e recebeu afetivo abraço do Presidente, que em tom de gracejo lhe disse que o autor correu o risco de detenção, porque ele havia lido o título rapidamente, e em se esquecendo, achou que o Papa estava jurado de morte.

Ao final, tudo se completou com boas risadas e um abraço. A Imprensa noticiou o fato. O livro teve sua venda ampliada diante da ocorrência, tanto que Amílcar recebeu do Editor a sugestão para trocar o título rebatizando o livro para “O homem que vai matar o Papa”. Mas se manteve o original.

Amílcar Dória Matos, foi um dos fundadores do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco, fez curso de Direito nos Estados Unidos, foi alto funcionário da Sudene e do City Bank, e escritor laureado, tornando-se conhecido nacionalmente pelos muitos prêmios que conquistou com seus livros. Infelizmente nos deixou há alguns anos, no auge de sua produção literária.

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