“Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer”
Dorival Caymmi
O farol que orienta
A claridade do dia ainda não chegara. Mas estava próxima, e já se percebia o horizonte sendo pintado de cores alaranjadas – foi quando naquele momento, a maré propiciava a saída da jangada para o alto mar. A tripulação com três pessoas dispostas e experientes pescadores: João, Antônio e José.
A bordo, a confiança no bom resultado da pescaria e a certeza dada pelo quarto “tripulante” invisível, mas sentido: Deus!
A tripulação empurrou a jangada, até que ela pudesse ser absolvida pelo vai-e-vem das ondas em movimento. O vento favorável mostrava a necessidade do içamento do pano que levaria aquela jangada e a tripulação para alto mar.
Em alto mar, a tripulação começava a estender as redes, na esperança de encontrar cardumes que, se encontrados e fisgados, pela quantidade pescada dificultaria o regresso no dia seguinte.
Mas, se por um lado, “o mar estava pra peixe”, nos céus nuvens negras começavam a cobrir a lua – única luz que iluminava e norteava – que, aos poucos desaparecia. Antecipava uma tempestade. Tempestade em alto mar e uma pequena embarcação com João, Antônio e José…. e, claro, Deus!
Repentinamente, tudo mudou. José e Antônio puxavam a rede para dentro da jangada. João tentava, em vão, mudar o pano com a intenção de “dirigir” a jangada…. e Deus, presente, apenas assistia como aqueles pescadores se sairiam daquela provação.
Havia dificuldade. Muita dificuldade.
Mas, a “luz divina” apareceu. Em meio a toda aquela escuridão, em alto mar, uma jangada agora cheia de peixes e com apenas três tripulantes que encontraram a pesca e agora enfrentavam a tempestade. Foi quando João avistou naquela escuridão total, a luz. A luz divina em forma de Farol.
A pesca frutificada e, agora, a certeza de que a onipotência divina mostrava, na prática que, em vez de somente João, Antônio e José, Deus também estava naquela embarcação.
As ondas mais altas foram vencidas com muito denodo, até que aquele Farol começou a nortear e iluminar o caminho da jangada em alto mar.
O farol da educação
A Educação, dizem, é a base de tudo. Será?
Não afirmo que o Farol da Educação seja Lei, nem tenho certeza se é abrangente para o Brasil. Mas sei que, foi “criada” no Maranhão em 1997. Deveria “orientar” não apenas crianças, mas todos os que estão vivendo tempestades culturais e sem rumo na vida.
Entretanto, sei e afirmo que, desde que as escolas maranhenses (e, do Brasil como um todo) aderiram às teorias paulofreirianas, a jangada do ensino e da educação sofre, perdida, e não tem conseguido pescar nada. Nem um único “bagre”.
Em contrapartida ao “Farol da Educação”, com o único viés político, o Governo tem aderido e investido na tecnologia dos tabletes – e deixado de lado a voz do mundo, de que “a educação é a base de tudo”.
Milhares de milhas distante do Maranhão e, por que não dizer do Brasil, Suécia e Reino Unido conseguiram enxegar o “Farol” em meio a tempestade vivida no ensino e voltaram em definitivo para o ABC, o lápis e a borracha.
E os faróis?
Pelo menos na Suécia e no Reino Unido, os faróis, agora, só estão iluminando e orientando os mares.
Mas, há uma esperança: euzinho vou ganhar um combo de livros de um consagrado escritor pernambucano de Palmares (futuro membro da Academia Brasileira de Letras, que passará a conviver com gênios como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro), ler, aprender, me orientar na vida, e, depois, fazer uma doação para qualquer Farol da Educação. Então o Farol da Educação também estará iluminado.

