As formigas levavam-na… Chovia…
Era o fim… Triste outono fumarento!…
Perto, uma fonte, em suave movimento,
cantigas de água trêmula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso acento.
Era a cigarra de maior talento,
mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas…
Que tristeza nas folhas… Que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!…
Pobre cigarra! Quando te levavam,
enquanto te chorava a Natureza,
tuas irmãs e tua mãe cantavam…
Olegário Mariano, Recife-PE – (1889-1958)