PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

Em certas tardes nós subíamos
no edifício, a cidade diária,
como um jornal que todos ligam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.

A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto nas nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

João Cabral de Melo Neto, Recife-PE (1920-1999)

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