A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras
superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
Em certas tardes nós subíamos
no edifício, a cidade diária,
como um jornal que todos ligam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.
A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto nas nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
João Cabral de Melo Neto, Recife-PE (1920-1999)