RODRIGO CONSTANTINO

A pandemia serviu para que a segregação aumentasse. Um grupo que se enxerga normalmente como cosmopolita, refinado e humanitário passou a demonizar quem não seguisse seus passos em nome da “ciência”. O medo explica parte do comportamento, assim como há interesses obscuros do lobby das vacinas também. Mas o principal fator, creio, é essa devoção a uma espécie de seita.

Eis a opinião de Ben Shapiro, que acha que nasceu na pandemia um culto do Covid, como substituto de religiões mesmo. Os ingredientes são os mesmos: há profetas (Dr. Fauci), hereges (os “negacionistas”) e a sinalização de fé ou virtudes (o uso contínuo de máscara, inclusive nos filhos pequenos). Os crentes precisam expor em público seu grau de fidelidade ao culto.

Chama-se “skin in the game”. O judeu, por exemplo, usa o quipá para mostrar que é ortodoxo e segue sua fé à risca. É como um ato de sacrifício para provar sua fé. Toda religião tem algo similar, em que o crente sinaliza aos demais sua devoção, para o diferenciar do outro. Nessa pandemia, já ficou muito claro que esse é o comportamento de muita gente. Não é pela saúde e certamente não é pela ciência, já que eles não conseguem demonstrar a eficácia dessas medidas.

Com a Ômicron a coisa piorou. A variante africana é bem mais transmissível do que a Delta, mas felizmente parece bem menos agressiva e letal também. Não há como fugir dela, a menos que você se esconda para o resto da vida em casa, todo embalado e com os orifícios tampados. O lockdown não resolve, como não resolveu antes, com variantes de menor transmissibilidade. As máscaras não resolvem. E nem as vacinas resolvem. Mas não há motivo para pânico, já que quase ninguém tem morrido com essa variante.

Não obstante, o presidente Biden, ícone dessa seita, fez um pronunciamento sombrio anunciando um “inverno de severa doença e morte” àqueles não vacinados. Não é de hoje que essa turma tem culpado a minoria que se recusa a se vacinar por todos os males. Nunca se viu gente tão vacinada com tanto medo dos não vacinados, o que trai a falta de confiança na vacina. O crente precisa que todos sigam sua fé, caso contrário fica sempre aquela brecha terrível, que permeia a sensação de que, talvez, os crentes possam estar… equivocados!

Em vez de analisar os dados com serenidade e avaliar a necessidade de voltar a viver e enfrentar a virose, os crentes preferem dobrar a aposta, disseminar medo e voltar a pregar as medidas drásticas e inócuas. E ainda olham para os outros com um misto de ódio e desprezo, exatamente como os crentes mais fanáticos olham para quem não segue sua seita. Como ousa entrar no mercado sem máscara? Como assim, não vai correndo tomar a terceira dose?

Não tem mais a ver com ciência – ou nunca teve. Nessa pandemia, criou-se uma forma simples de segregar a turma do clubinho do “bem”, que segue supostamente a ciência e coloca as vidas de todos como prioridade, e os “párias” do lado de fora, que negam a “ciência” (a “revelação”), ignoram a “voz da razão” (o “profeta”), e não buscam a “vida” (a “salvação”). Podemos notar o olhar de fúria deles. No meu caso, devolvo um olhar de comiseração. Falta coragem nesses crentes para encarar a realidade…

2 pensou em “O CULTO DA COVID

  1. Transcrevendo texto do dr. Francisco Cardoso

    ” A geração mais covarde da História é essa que vivemos , onde pessoas forçam crianças a tomarem uma vacina ainda em teste para que os adultos se sintam ” seguros “.

  2. Constantino acertou no alvo. Um dos motivadores mais fortes para a “seita da covid”, como para as outras seitas, é a chamada “sinalização da virtude”: mostrar em público os sinais de “devoção” que mostram que a pessoa faz parte do grupo que ela acredita ser melhor, mais sábio e mais virtuoso que o restante da humanidade.

    Outro motivo foi explicado por um filósofo do século 16 chamado Spinoza: “toda pessoa deseja que todas as outras pessoas sejam proibidas de gostar do que ela não gosta, e obrigadas a gostar do que ela gosta”.

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