Estávamos na Barra do Cunhaú, eu e minha filha Diana, juntamente com meu irmão Bernardo, esposa e filhos, em janeiro de 2013, em pleno veraneio.
Percebi que Bernardo e o filho caçula não saíam do “notebook”, coisa que eu ainda não possuía. Certo dia, minha curiosidade aumentou e eu perguntei:
– O que vocês estão vendo de tão engraçado no computador?
Meu irmão e o filho responderam:
– É o Jornal da Besta Fubana, de Recife.
O filho caçula de Bernardo estava cursando Medicina em Recife, e através dos colegas, passou a conhecer o JBF, que, naquela época, já fazia sucesso.
Bernardo tornou-se leitor assíduo do JBF e, uma vez por outra, passou a escrever para Luiz Berto, o Editor, pedindo a publicação de textos que ele escrevia.
Fiquei com inveja do meu irmão e enviei um texto da minha autoria para Luiz Berto, me apresentando como irmã de Bernardo. Nunca tinha publicado nada, apesar de ter mania de escrever, para mim mesma, poesias, crônicas e contos.
Luiz Berto publicou o primeiro texto que enviei, e recebi elogios de leitores e grandes colunistas, como a consagrada poeta Glória Horta (É A GLÓRIA), de saudosa memória, e da grande poeta e Cordelista Dalinha Catunda.
O segundo texto também agradou e, quando eu menos esperava, recebi um e-mail do Editor Luiz Berto, me tecendo elogios e me convidando para assinar uma coluna no JBF.
Temerosa da responsabilidade, liguei para Bernardo, que vibrou com o convite e me incentivou a aceitar, pois “isso é o que todo o mundo deseja.” Disse para mim que “um convite desse ninguém enjeita”.
E assim, com a cara e a coragem, inibida diante da intelectualidade do Escritor e Editor Luiz Berto e dos excelentes colunistas, tornei-me fubânica, numa época em que o JBF já era uma irmandade maravilhosa.
Confesso que sinto saudade da minha estreia no JBF, pois passei a conviver virtualmente com pessoas maravilhosas, que sempre me incentivaram.
Relembrando um dos meus primeiros textos publicados no JBF:
* * *
UMA CANA
Pedro Elias era motorista de um órgão público estadual. Era um homem bom, respeitador e honesto. Para não ser perfeito, gostava de beber, e, uma vez por outra, tomava umas carraspanas, chegando ao trabalho embriagado. Já havia sido repreendido, verbalmente, diversas vezes, até que recebeu as penalidades de advertência e de suspensão.
Depois disso, ficou envergonhado e com medo de perder o emprego. Afinal, tinha a esposa e três filhos para sustentar. A partir de então, esforçou-se para andar na linha.
Depois de passar dois meses sem beber, recuperou a confiança dos colegas e do chefe imediato. Um dia, o Dr. José Silveira, Secretário desse órgão, precisou fazer uma viagem a João Pessoa, a serviço. Não gostou, quando soube que o motorista escalado para dirigir o carro oficial era Pedro Elias, que tinha fama de pinguço. O chefe da oficina, entretanto, garantiu que ele havia deixado de beber, e agora era outro homem.
Passando em Mamanguape (PB), por volta de meio dia, o Secretário ordenou ao motorista que parasse em um restaurante, a fim de almoçarem. Gentilmente, facultou ao motorista sentar-se com ele à mesa. Por timidez, o homem preferiu ficar mais afastado, em outra mesa, onde se sentiria mais à vontade.
O Secretário pediu ao garçom o almoço e um refrigerante. O motorista chamou o garçom e cochichou-lhe: “Rapaz, pelo amor de Deus, eu estou aqui doido pra tomar uma chamada de cana. Quero que você me traga uma doze grande de cachaça, disfarçada numa xícara, pra meu chefe, que está ali, não notar.”
O garçom anotou os pedidos, inclusive o do motorista, e do meio do salão os transmitiu ao colega que atendia no balcão. Para surpresa do Secretário, soou-lhe aos ouvidos a voz estridente do garçom, lendo os pedidos anotados: – ” Pra mesa 5, uma coca cola e um filé com fritas! Pra mesa 8, aquela ali, o homem quer uma cana “disfalçada”, numa xícara!
O Secretário virou-se para a mesa onde estava Pedro Elias, encarou-o, e balançou a cabeça em sinal de reprovação. O motorista, sentindo-se perdido, levantou-se nervoso e protestou: – Eu mesmo não pedi isso não, doutor! Eu não quero é nada! Esse garçom se atrapalhou!” E saiu do restaurante, indo aguardar o Secretário no carro.
A viagem até João Pessoa prosseguiu em completo silêncio. O motorista, com medo de uma nova punição, ainda tentou explicar ao Secretário, sem êxito, que o garçom havia se enganado. Dr. José Silveira, visivelmente irritado, permaneceu calado, demonstrando não acreditar em nenhuma daquelas palavras.
E foi assim que ruiu por terra a picardia do motorista Pedro Elias, de pretender tomar uma chamada de cana, disfarçada, numa xícara.
Minha querida amiga e colunista do JBF, confesso que fiquei comovido com o seu texto.
Você buliu com as emoções deste Editor.
É um privilégio editar uma página que tem uma colaboradora com o seu talento.
Abraços e muito sucesso!!!
Obrigada pelas palavras gentis, querido amigo e Editor Luiz Berto!
Comovida fico eu, quando olho para trás e vejo você como um anjo bom que me introduziu na vida literária, me dando chance de participar de uma plêiade virtual, que me deu oportunidade de evoluir. E hoje, para mim, é uma honra conhecer pessoalmente você e sua família, como também ilustres colunistas, como Dr. José Paulo Cavalcanti e esposa Maria Letícia, consagrados escritores, poetas Xico Bizerra, Jessier Quirino, Jesus de Ritinha de Miúdo, Escritores José de Oliveira Ramos, Carlito Lima e outros excelentes colunistas.
Grande abraço e um feliz final de semana!
Salve Violante e seus belos textos nesta Gazeta. Leitor assíduo, renovo a cada leitura minha admiração por seus escritos. Viva o JBF.
Obrigada pelo comentário gentil, grande poeta Xico Bizerra!
Você enriquece o JBF!
Grande abraço, extensivo a Dulce!
Violante seu belíssimo texto me fez lembrar um episódio muito parecido. Eu gestor regional de uma empresal estava com o funcionário e recebemos a visita do gestor nacional e após as visitas aos clientes fomos almoçar em local simples mas muito elogiado pelo funcionário., que fazia questão de que provássemos a galinha à cabidela, muito famosa na cidade. Ao final peço a conta no que o dono do restaurante pergunta: Sr. fulano, Quer a nota em branco ou aumento o valor? ele, o funcionário, ficou mais branco do que já era e tentando consertar disse: que é isso seu Geraldo? eu com meus chefes aqui e o senhor me pergunta isso. O que eles vão pensar? A resposta foi pior aínda: Tem nada não se eles quiserem também arranjo nota em branco!. Não houve demissão mas … o aperto foi grande.
Obrigada pela gentileza do comentário, prezado Nilson Araújo!
Gostei muito do episódio hilário que você contou. Realmente, a astúcia dos dois funcionários foi a mesma…..kkkkk.
Bom final de semana!
Violante, fiquei todo “açucarado” (forma de falar do povoado onde nasci, quando somos referenciados, como você fez) em ler meu nome nessa plêiade de renomados colaboradores. Melhor ainda, foi ter lido o nome de Bernardo (na verdade, sempre que cito Diana, desejo citar também Bernardo – mas esqueci e fiquei com vergonha de perguntar), seu irmão. Por falar nisso, abrace Diana por mim, e……. Bernardo!
Obrigada pelo doce comentário, querido Escritor José de Oliveira Ramos, um dos primeiros colunistas do JBF, que nós conhecemos pessoalmente em Recife.
Bernardo vai bem, graças a Deus!
Fiquei feliz com o seu comentário.
Abraços nossos!
Viva Violante. Por tudo. Beijos nos dela, com carinho, Lecticia e José Paulo.
Obrigada pelo carinho do comentário, ao ilustre casal Dr. José Paulo e Maria Lectícia!
Abraços.
Amiga Violante, me delicio com seus artigos, não perco, gosto de seu estilo. Somos da mesma família que foi iniciada com uma brincadeira do Papa Berto. Hoje considero o Jornal da Besta Fubana um dos poucos órgãos sérios da “Imprensa Brasileira”, independente, corajoso e irreverente. É um bastião de resistência contra a ditadura, as besteiras e as burrices que querem implantar esse país.
Um abraço do fã, Carlito Lima
Obrigada pela gentileza do comentário, amigo Carlos Roberto Peixoto Lima. Realmente, Somos da mesma família que foi iniciada com uma brincadeira do Papa Berto. Desde esse dia, nunca mais me afastei. Quem bebe do saber de Berto, jamais esquece.
Concordo com você quando diz:
“Hoje considero o Jornal da Besta Fubana um dos poucos órgãos sérios da “Imprensa Brasileira”, independente, corajoso e irreverente. É um bastião de resistência contra a ditadura, as besteiras e as burrices que querem implantar esse país.”
Gosto muito dos seus escritos e do seu estilo de escrever.
Lamento não morar em Maceió, para assistir suas apresentações.
Desejo a você e sua família, um excelente final de semana, com muita saúde, amor e Paz!
Sucesso cada vez maior! ,
Grande abraço!