A história da humanidade se repete, como se o mundo fosse um carrossel que não para de girar, e os cavalinhos fossem sempre os mesmos. Apenas as cores são trocadas a cada gestão pública.
Pois bem. Durante o reinado de Henrique IV, da França, quando o Ministro da Fazenda era Sully, certo dia o Rei percebeu que o mesmo estava com o semblante preocupado e perguntou-lhe a causa.
– Senhor – respondeu Sully: As necessidades do Estado são prementes e vamos ser obrigados a criar novos impostos. É isto o que me preocupa.
– Oh! Novos impostos! – Exclamou o Rei, perdendo, de repente, todo o ar de brincadeira. Não me fale nisto! Meu povo já está muito sobrecarregado de impostos, para que lhe imponhamos outros! É impossível!
– Senhor, continuou Sully – acho-me diante de sérios compromissos: as despesas aumentam dia a dia, e as rendas diminuem, não dando para cobri-las. Preciso fazer grandes pagamentos e me encontro sem recursos. Já sabeis, Majestade, que aquele que segura o cabo da caçarola é o que em pior situação se encontra.
– Quem lhe disse isto? – Perguntou o Rei.
– A sabedoria popular, Majestade. É voz corrente. E a voz do povo é a voz de Deus!
E o Rei contestou, rindo:
– Pois você está redondamente enganado!
– Não é quem segura o cabo da caçarola quem corre perigo. Quem se encontra em situação de perigo é quem está sendo cozinhado na caçarola. No caso, quem está correndo perigo sou eu, o Rei.
O Ministro Sully se acalmou.
Quem somente segura o cabo da caçarola, assiste de camarote à derrocada do Rei.