ALEXANDRE GARCIA

Juros

Dinheiro em espécie é encontrado em porta-luvas de carro de um desembargador do Mato Grosso

Duas mortes. Mais duas. Insisto nisso porque é preciso que a saúde pública investigue o que está acontecendo.

Uma das vítimas foi uma atriz do SBT, uma menina de 11 anos chamada Milena Brandão. De repente, o coração parou. A outra foi uma cadete do quarto ano da Intendência — ou seja, se formaria este ano como aspirante a oficial —, Yasmin Cristina Guimarães Fideres. Estava em aula de Educação Física. Tinha 23 anos. O coração também parou.

Isso está acontecendo com jovens, com atletas, com pessoas em perfeita saúde. Essa cadete, por exemplo, estava sempre sob observação médica, realizando exames e provas. Qualquer desvio na saúde teria sido detectado. O que está acontecendo? É preciso nos informarmos, de fato, sobre o que está ocorrendo.

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O escândalo que saiu de Mato Grosso e chegou ao Supremo

E não tem como não voltar a um outro assunto — no mínimo, pitoresco. Será que cabem no porta-luvas de um carro R$ 30 mil em dinheiro vivo? Será que cabe mesmo? Porque é um volume muito grande. Pode ser um carro grande. Era um Jeep Cherokee. Se for o modelo americano, um Grand Cherokee, vá lá… Mas parece que era apenas o Cherokee. E o dinheiro estava no porta-luvas, de um desembargador de Mato Grosso. A Polícia Federal encontrou o valor em outubro. Agora, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal.

Há outros três afastados, além dele. E ainda um conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso. Só para sabermos o que essas pessoas andam fazendo. Neste país de população passiva, eles fazem isso na nossa cara. Eles são nossos servidores. Estão lá para servir ao público. São funcionários do povo, pagos com o dinheiro dos nossos impostos.

Pagamos impostos, diretos ou indiretos, em tudo o que compramos, para que o Estado brasileiro nos preste bons serviços nos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. No entanto, essas coisas continuam acontecendo. E parece que não se preocupam nem um pouco com isso. Faltou pai, mãe, faltou avô para dar caráter a essas pessoas. Isso é falta de caráter. A pessoa cede às tentações e se entrega a elas.

Fico admirado. Conheço muitos amigos advogados. Advogado ganha muito dinheiro. Aí o sujeito abre mão da advocacia para ser juiz e ganhar menos. Deve estar mal-intencionado. Deve estar fazendo essas coisas. Fica aqui o registro. Esse tipo de crime deveria ter pena tripla ou quíntupla. Afinal, há pena de 14 anos para quem escreve uma frase com batom na estátua da Justiça. Se formos guardar a proporcionalidade, um juiz que vende uma sentença deveria pegar mil anos, não é?

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Empréstimos fantasma e o silêncio do Estado

E agora, outra questão que estamos descobrindo — foi denunciada na GloboNews ontem: R$ 90 bilhões em empréstimos consignados foram concedidos sem solicitação das pessoas. São 35 mil reclamações. Há uma auditoria em curso no Tribunal de Contas da União. O caso envolve funcionários de carreira da Previdência e do Dataprev.

A pessoa não pediu o empréstimo e, mesmo assim, o valor está sendo descontado em folha, como consignado. Isso também é culpa nossa. Culpa do nosso voto. Culpa da nossa passividade.

Um comentário em “O BRASIL DOS SEM CARÁTER: DOS GABINETES AO PORTA-LUVAS

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