MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Diz-se que “papel aguenta tudo”. Essa citação é associada com a, enorme, legalidade dos termos e dos contratos formalizados nesse país. A própria constituição é um dos arcabouços jurídicos mais esplêndidos que se tem conhecimento. Tão linda que é denominada “Constituição Cidadã, mas eu nunca vi algo tão desrespeitado com essa tal “cidadã”, a começar pelos chamados “guardiões da constituição”. Nunca é demais lembrar que Dilma não teve os direitos políticos cassados. Nunca é demais lembrar que Gilmar Mendes, num voto de 64 páginas, declarou que “mesmo ao arrepio da lei”, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre poderiam ser reconduzidos à presidência da câmara e do senado.

Aqui, um réu confesso tem seu processo anulado e isso me espanta porque Marcelo Odebrecht disse, em alto e bom tom, que havia uma diretoria chamada “Diretoria de Operações Estruturadas” cuja função era pagar propina para os políticos. Identificavam os agentes públicos por apelidos: o amigo do meu pai, o amigo do amigo do meu pai, amante, lindinho, viagra, Ferrari, dentre outros. Agora, quem disser que Marcelo Odebrecht deu esse depoimento, corre o risco de ser processado.

Quem não lembra do depoimento de Joesley Batista dizendo que havia dado “300 milhão” para Dilma e Lula. Palocci, o italiano, confirmou que recebeu dinheiro em nome do amigo do meu pai. Nada disso tem mais validade alguma. O STF passou um rolo compressor sobre a dignidade, comprimiu os anseios de uma grande parte da população e continua dando exemplo de como se deve ser leniente com a corrupção. Nada do que está na lei tem validade para que tem poder.

Uma das coisas que mais intrigam é o caso de Marcos Valério. Denunciado como operador do mensalão, foi condenado a 37 anos de prisão. Até um dia desses continuava preso, no entanto, todos os políticos denunciados na ação 470 foram inocentados. O ministro Joaquim Barbosa, condenou todo mundo e Dilma concedeu indulto. Depois chegaram a conclusão de que não foi uma ação criminal, mas um problema da justiça eleitoral porque ficou configurado – para o STF – que era caixa 2. Alguém pode me explicar o porquê de Marcos Valério continuar preso se não houve crime? Eu não me sinto tão burro, mas, com toda sinceridade, minha inteligência trava diante coisas dessa natureza.

O Brasil do papel tem um arcabouço tributário – substituiu a Emenda Constitucional do controle de gastos – que no dia 31.08.2024 completou um ano de vida. Alguém sabe dizer quais das medidas previstas no tal arcabouço está em vigência? Alguém deixou de pagar ISS ou recolher ICMS por conta do IVA? Não conheço ninguém, no entanto, o pape diz que deveria ser assim, mas o Brasil do papel é pior do que o papel do Brasil.

O fato mais recente é a comemoração do crescimento do PIB de 1,4% no último trimestre. Gostaria muito de acreditar e torço para que haja crescimento econômico porque a gente precisa melhorar a renda e a poupança, mas saber que quem divulga o indicador é o IBGE, atualmente, presidido por um cara escroto como Márcio Pochmann, me conduz, imediatamente, a esse Brasil do papel.

Em adição eu quero crer que há um conteúdo político nisso tudo para beneficiar aliados. O PT não tem candidatos a prefeito nos grandes colégios eleitorais, com rara exceção. Está apoiando. Veja o caso de São Paulo: o PT colocou Marta Suplicy – que se separou de Eduardo, mas continua usando o nome como passaporte – na vice de Guilherme Boulos. Então, minha santa maldade me impulsiona a pensar que tal crescimento é meio forjado pelos fatos e, francamente, torço para que eu esteja errado.

A divulgação do PIB acendeu um alerta nos economistas vinculados a bancos. Todos eles preocupados que isso pode trazer a inflação de volta e com mais força. Na verdade, existe uma desconfiança muito grande que o governo consiga estabilizar a inflação dentro da meta de 4,5% para 2024. Em contrapartida existe uma quase certeza de qua saída de Campos Neto do Banco Central vai favorecer uma política monetária expansionista, com taxa de juros baixa e incentivo ao consumo, como se fez nos dois primeiros governos do atual presidente.

Aguardemos e qualquer coisa, basta uma nova lei que ninguém vai cumprir para regulamentar o que não precisa.

2 pensou em “O BRASIL DO PAPEL

  1. Caro Assuero, como sempre seus textos enobrece esse espaço de cidadãos de bem, me perdoe, sou cético quanto a índices divulgados pela equipe desse artista que alojaram aí no palácio do planalto, vou a feira com minha esposa, desde a livre e supermercado, acho que tem alguém morando em outro planeta e eu não estou sabendo, meu bolso que o diga m. Abraços!

  2. Meu caro: o planeta que a gente vive, ou melhor, o país, é realista. Não tem joguinho de ministros, não tem conchavos e nem corrupção. Abraços e obrigado pelas palavras

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