ALEXANDRE GARCIA

Nesses tempos de denúncia contra Bolsonaro e mais 33 pessoas, o Estadão divulga uma pesquisa feita na Câmara e no Senado sobre a receptividade da ideia de anistia, pois a anistia está ganhando tanto na Câmara quanto no Senado. Recém começou e vai ser impulsionada agora por essa denúncia.

Os números, na Câmara dos Deputados, 50% dos pesquisados são a favor da anistia, 42% contra, abstenções, 8%. Ainda não tomaram decisões. No Senado, 46% a favor e 38% contra, com 15% ainda indecisos.

Foi o Instituto Ranking dos Políticos, que ouviu 110 deputados e 26 senadores de 11 partidos políticos. É um número importante. Quanto a essa denúncia, vejam só, o ministro do Supremo, aposentado, que já presidiu o Supremo, já presidiu eleições, já presidiu o TSE, já foi o decano, Marco Aurélio Mello, disse que os ministros do Supremo perderam a cidadania, que não podem mais sair para a rua. E já passou a hora de fazerem autocrítica.

Eu já lembrei que desse Supremo de hoje não dá para se esperar nada, porque parece que já está no script. Assim como a Polícia Federal a serviço do relator Moraes, o procurador-geral, e agora foi lá para a primeira turma para aceitar ou não a denúncia, depois vai para o plenário dos 11 do Supremo. Não são mais os 11 de 1994, quando absolveram Collor, que tinha sido objeto de impeachment, renunciou antes, mas o impeachment ficou valendo, ao contrário do que aconteceu com Dilma, um caso bem diferente, no qual o impeachment não ficou valendo na punição, na pena. Absolveram Collor por falta de provas, porque só tinha declarações, notícias, blá, blá, blá, conversa entre pessoas, mas não tinha provas.

Agora mesmo, nesse relato todo, nessa denúncia toda, os jornais que costumavam dizer “declarou sem provas” e coisas semelhantes, agora não estão ressaltando o essencial, que é a falta de provas. Tem uma declaração e umas conversalhadas aí entre gente que, uma vez, ouviu o general Heleno chamando “uns malucos aí”.

Isso serviu para algo que não houve, não aconteceu, não mobilizou Forças Armadas, não mobilizou armas, não fez ameaça. A gente vê casos da justiça penal criminal situações em que o sujeito tentou entrar na casa, mas não conseguiu, e aí ele é solto porque não concluiu o roubo que ele estava tentando fazer. Mas aí está a explicação.

Lula disse que no governo dele, o que vale é a presunção da inocência, mas agora os denunciados vão ter que provar que são inocentes. É risível, não é? Quem tem que provar que a pessoa é culpada é o que está denunciando.

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2026

Bom, José Roberto Guzzo, num artigo publicado no Estadão, disse que a melhor coisa é submeter Lula e Bolsonaro ao julgamento do povo na eleição de 2026. O povo faz o julgamento e pronto, isso é o que há de mais democrático, é assim que age a justiça americana. O julgamento popular, já que todo o poder emana do povo, é o julgamento supremo, esse é o julgamento popular, uma boa ideia do Guzzo.

Mas falei de Lula, ele disse isso numa entrevista que deu ontem e perguntaram se o Brasil ia mandar tropas em missão de paz se houver um cessar fogo entre Rússia e Ucrânia. Ele disse que não, que não manda tropas. Agora o fato de The Economist, a revista inglesa que tem muito prestígio mundial, lembrar do Brasil já é algo. Por que lembrou do Brasil? Em primeiro lugar, porque está separando a potencialidade do país Brasil e os problemas do governo atual. Está separando toda aquela história de corrupção, de mediocridade, olhando separadamente da grandeza do Brasil. Lembrou da tropa brasileira.

Aliás, eu vi uma citação do Hélio Gasperi no Globo de ontem, citando uma pessoa dizendo Lula não sabe governar com pouco dinheiro. Isso me lembrou Margaret Thatcher, que disse: o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros.

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