DEU NO JORNAL

Pedro Lupion

Produtor de Tilápia na região de Maripá, no Paraná

A proposta da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, de incluir a tilápia na lista de “espécies exóticas invasoras” do Brasil acendeu um alerta entre cooperativas, produtores e representantes da agropecuária nacional.

Embora ainda em discussão, caso seja aprovada, a medida pode impor restrições severas e até mesmo a proibição do cultivo do peixe, com impactos diretos na economia e na segurança alimentar de milhares de famílias brasileiras.

A tilápia é originária da África, mas vem sendo cultivada no Brasil há mais de 25 anos, com todas as autorizações e controles técnicos exigidos pelo Ibama. É criada em cativeiro, com baixíssimos registros de escape para represas e rios. Até hoje, não há evidências consistentes de que cause danos significativos à fauna local.

Somente no Paraná, a atividade gera cerca de 2,2 mil empregos diretos e indiretos e movimenta uma ampla cadeia produtiva, que envolve frigoríficos, transporte, ração e comércio. O Estado é o maior produtor e exportador nacional, responsável por 36% da produção brasileira de tilápias e por 25% de todo o pescado do país.

Os dados são da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), que divulgou nota manifestando preocupação com os impactos que uma proposta desse tipo poderia causar, caso venha a se concretizar.

É fundamental compreender a extensão dessa iniciativa, especialmente quanto à sua aplicação sobre o cultivo comercial. Um tema dessa natureza deve ser tratado com base na ciência, no diálogo e na escuta dos produtores, evitando decisões ideológicas e desconectadas da realidade do campo.

Como presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), asseguro que o tema será levado aos parlamentares e ao corpo técnico da Frente para análise detalhada dos riscos e das providências cabíveis diante dessa proposta.

Também é preciso questionar qual o embasamento técnico da Conabio para intervir de forma tão agressiva e direcionada em um mercado que gera emprego, renda e benefícios sociais e econômicos, especialmente para pequenos produtores.

Fica evidente que se trata de uma ação motivada mais por ideologia do que por uma avaliação técnica amparada em dados científicos e critérios objetivos. Prova disso é que sequer foi consultado o Ministério da Pesca e Aquicultura, responsável direto pelo setor.

É hora de defender o cultivo de pescado no Brasil. O setor produtivo está unido para garantir que não se comprometa a geração de emprego e renda. A piscicultura é um pilar da segurança alimentar, promove desenvolvimento regional e sustenta milhares de famílias brasileiras.

Um comentário em “O ATAQUE DA CONABIO À CRIAÇÃO DE TILÁPIA

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