Durante um bocado de tempo, conheci no trabalho jornalístico pessoas notáveis, porém criaturas cujos nomes eram muito engraçados; notadamente aqueles que se referem a animais.
Dou início com uma breve referência a um notável que tinha o nome de passarinho, pessoa que entrevistei em seu gabinete de Brasília, quando me dediquei a Campanha de Integração Social da Hanseníase.
Durante uns 30 minutos apresentei-lhe um plano para combater o estigma cultural. Tratava-se de uma simples doença de pele. Fez muitas vítimas em Pernambuco, no Pará e outros estados, por falta de medicamentos capazes de debelar a enfermidade.
Nosso plano era vencer o estigma da antiga lepra e estimular os doentes, em estágio inicial, a procurar os postos médicos para se tratar, pois podendo ficar curados em poucos meses, como há mais de 30 anos acontece.
Na sequência, como missionários, juntamo-nos ao Dr. Abrahão Rotberg, antigo médico de São Paulo – criador do termo Hanseníase – e começamos a esclarecer a sociedade.
De início alertar o povão sobre a necessidade de serem os pacientes acolhidos de forma natural em todos os setores da sociedade e da Assistência Médica.
Daí publiquei meu primeiro livro: Um estigma cultural, com um histórico amplo sobre a doença através dos tempos, os rumos de nossa Campanha, os participantes e resultados.
Na busca do amparo social para aqueles que foram mutilados pela enfermidade, o Poder Público precisaria de lei que desse condições às suas famílias para um viver digno.
E nessa estirada, estive juntamente com Josafá Lira de Medeiros, diante do competente Ministro de Estado: Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho, militar e político brasileiro, inclusive intelectual, responsável pela assinatura na Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, realizada em 1943.
Um homem verdadeiramente ilustre. Foi governador do estado do Pará, Ministro do Trabalho, da Educação, da Previdência Social e da Justiça, além de Presidente do Senado Federal.
Conhecedor profundo da problemática da Hanseníase na sua região de origem, logo se interessou pelo assunto e nos encaminhou ao então governador de Pernambuco – Marco Antônio de Oliveira Maciel – com recomendações de apoio à causa.
Conseguimos, a partir dessa entrevista, a materialização da Lei 8.830, que concedeu uma Pensão Especial aos portadores de hanseníase que tiveram seus corpos mutilados e viviam em Pernambuco. Beneficiamos assim mais de 800 famílias.
Na sequência de apoios, o Presidente da República de então, General João Baptista Figueiredo, por influência do Coronel Passarinho, assinou Decreto com o escopo de banir para sempre de toda a documentação do Governo Federal a infame denominação de “lepra”.
Conheci assim o notável e saudoso Passarinho!… Um nome engraçado, porém um dos mais notáveis ministros do Brasil em todos os tempos.