Eliane, uma nora para sempre
Aqueles que viveram mais de 50 anos de vida sabem que genros e noras – nós pais – não escolhemos. Aceitamos de bom grado.
As noras tornam-se parentes por mera ligação sentimental. E por descendência, consanguíneas são mães dos nossos netos sem falar nas esposas e maridos dos netos, que assim formam o grupo da Grande Família.
Com um patrimônio contabilizado de Ativos que somam: 12 netos e 11 bisnetos, me arvoro ao direito de dizer que tenho 3 filhos e 7 noras. Isto ocorreu em face dos casamentos, descasamentos e novos enlaces.
Sou, felizmente, afeiçoado a todas as minhas noras e por aquelas que por ciscunstâncias imperiosas deixaram de ser esposas dos meus filhos. Mantenho com elas, de forma presencial ou virtual, afetos sempre crescentes, participando dos bons momentos tanto quanto nas atribulações naturais do cotidiano, quando dividimos alegrias e tristezas.
Não me importa as questiúnculas entre os filhos. Sou feliz pelo prestígio da amizade de todas elas.
As primeiras relações dos filhos, ao apresentarem as noras, são coisa muito engraçada.
No início elas são apresentadas como “as mulheres da vida deles”. E fazemos de conta que acreditamos que aquele entusiasmo primaveril vá permanecer pelo menos uns 30 anos.
Mas, lá dentro da alma ficamos matutando se vão conseguir sobrepujar um bom tempo e as circunstâncias da sociedade. Quando se atritam e se separam geralmente ficam as mágoas e ressentimentos.
Mas nós – os sogros e sogras – continuamos avós, do mesmo jeito. As amizades que fizemos com elas o foram para sempre.
Felizes daqueles que continuam, como eu, a desfrutar dessas maravilhosas amizades, das mães dos nossos netos, mesmo que ex-esposas dos nossos filhos.
Por isso evito identificá-las como ex-noras, porque para mim serão sempre filhas-adotivas.
Nos últimos 40 anos as relações maritais muito foram alteradas, justificando em parte o número de divórcios. A evolução dos comportamentos profissionais das mulheres – deixando o lar para enfrentar o trabalho profissional – talvez haja concorrido para as dificuldades pessoais no lar, embora contribuindo para enriquecer as famílias com o seu contributo.
Os que viveram gerações passadas – pais e sogros – dificilmente aceitamos, de início, a separação dos nossos filhos, porque, se eles no futuro procurarem se distanciar e enfrentar novas relações maritais,, nós permanecemos com os vínculos do casamento anterior e de amizade, porque são, geralmente, mães e pais dos nossos netos.
Sinto pelos netos as dores da separações de seus pais e os traumas que eles discretamente suportaram até a idade adulta.
Costumo dizer que sou um velhote extremamente feliz porque na vida me esforcei para atravessar certos períodos evitando maiores turbulências. E se me separei tivemos a sorte de estarem nossos filhos adultos e donos dos seus destinos.
Não raro me arvoro ao direito de bradar, aos quatro ventos, que tive o privilégio de viver com meus pais sempre juntos, durante quase 30 anos, até que mamãe se foi. Por isso sinto-me um privilegiado.
Nessa fase final da existência – pois estou emplacando os 86 anos – tenho procurado me manter sempre próximo com todas as mães dos meus netos, sobretudo porque posso usufruir da comunicação virtual quase diária, o que nos aproxima ainda mais.
Querido Carlinhos,
Obrigada por se ter feito presente desde o princípio. Meu carinho por você continua crescendo. Guardo com muito carinho a lembrava de você ter levado a mim e Gabi com menos de um ano a um médico em Afogados.
Era um sábado e sua médica não podia atender. Na minha ansiedade de mãe de primeira viagem, sua ajuda curou o mal daquele dia, o de me sentir sozinha com minha bebê doentinha. Hoje sei que muitas de minhas ansiedades não tinham razão de ser, você com certeza já sabia mas em sua sabedoria optou por confortar ao invés de corrigir ou criticar. Sou grata por ter você em nossas vidas. Jackie disse que você é um tesouro para nossa família. Que Deus o abençoe hoje e sempre.
Quando não há palavras para retribuir tamanho reconhecimento, o jeito é permanecer calado.
Meu silêncio, porém, reflete o que o coração está sentindo: uma grande emoção.