Noite de gozo, noite de delícias,
Aquela em que a noiva carinhosa,
Vai do seu noivo receber carícias
No leito sobre a colcha cor-de-rosa.
Sonha acordada coisas fictícias,
Volvendo-se sobre o leito, voluptuosa,
E o anjo de amor e de carícias
Fecha a cortina tênue e vaporosa.
Ouvem-se beijos tímidos, ardentes,
Por baixo da cortina assim velada,
Entre suspiros tristes e dolentes.
Se fitássemos a noiva agora exangue,
Vê-la-íamos bem triste e descorada
E o leito nupcial banhado em sangue.
Padre Antônio Tomás de Sales, Acaraú-CE (1868-1941)