É triste a flor que desabrocha sem carinho
E sem carícia do sereno da manhã…
Assim nasceu, lá no sertão, minha Nanã,
Sem uma luz que iluminasse o seu caminho.
Com o pobre pai a morar num tosco ninho,
A desventura foi a sua negra irmã,
Enquanto a sorte protegia a cortesã,
A desdita lhe dava um pão magro e mesquinho.
Depois veio a seca cruel e assoladora,
Contra aquela linda florzinha encantadora
E a coitada morreu, mirrada pela fome.
Hoje, um poeta chora triste esta saudade
E as aves cantam a chamar na solidão:
Nanã! Nanã! Nanã! seu doce e belo nome.
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, Assaré-CE (1909- 2002)