CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

John Mauritz von Nassau Siegen (Pintura de Eckhout)

Para gáudio desta nova geração de leitores, pesquisadores, economistas e a classe bancária atual, (que, por sinal, está em fase de extinção), publico notas do livro “O Banco do Brasil na História de Pernambuco”, que publiquei em 1986, através da Cia. Editora de Pernambuco.

Em três edições, com 586 páginas, sendo a terceira ampliada e desdobrada em dois volumes, constam notas sobre o Sistema Bancário de Pernambuco, com alguns fatos pouco conhecidos sobre a história das moedas de ouro fabricadas em Pernambuco.

Há fatos ligados à História da moeda, que vale a pena aqui pontuar, a fim de atualizar os pesquisadores e manter viva a certeza da vocação para o primado do nosso estado, para que não seja apenas reconhecido por ser o “Leão do Norte”.

Não se pode esquecer os fatos mais importantes ligados à moeda e ao crédito, principalmente assinalar que foi por iniciativa de John Mauritz von Nassau Siegen – popularmente conhecido como Maurício de Nassau – que aqui se implantou a primeira empresa bancária da América Espanhola, tendo o Recife a primazia de hospedá-la: a Casa Bancária dos Fugger, (atual Fugger Privat Bank KG, da Alemanha).

A empresa funcionou na Rua da Cadeia e emprestava dinheiro a juros módicos, com o fim de incentivar as indústrias dos engenhos-banguê, rudimentares fábricas de açúcar, que marcaram a primazia de Pernambuco na industrialização do Brasil.

A convite de Nassau, capitalistas particulares, geralmente judeus vindos da Europa, iniciaram a aplicação de valores sob empréstimos, nos canaviais e engenhos. E tais aplicações entre particulares e fábricas, se alastraram até dias recentes, quando se instituiu lei federal considerando crime fiscal, os empréstimos entre particulares, conhecidos como agiotagem.

Para tentar controlar essas transações, o governo instituiu as Cooperativas de Crédito; porém, mesmo assim, à socapa, em valores menores, mas juros extorsivos, a agiotagem campeia como um mercado paralelo de dinheiro.

Outro fato que merece ser considerado pioneiro no Brasil-holandês, foi que entre 1637 e 1645, época do domínio holandes a Pernambuco, aqui foram cunhadas, por iniciativa de Nassau, as primeiras moedas de ouro, então quadriculadas, cuja fabricação ocorreu na atual Rua da Moeda, 150, no antigo bairro de São Frei Pedro Gonçalves do Recife, atualmente referido como Marco Zero da cidade.

Em 1637 o “Atlas Vingboons”, editado pelo antigo ABN-AMRO Bank, com sede na Alemanha (publicação que é parte do acervo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, com sede Rua do Hospício, 130, no Recife), registrou o fato, com ilustrações.

Atualmente a Casa da Moeda do Brasil está localizada no Parque Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, sendo considerada uma das maiores do mundo.

Os últimos registros de tais cunhagens em Pernambuco, foram extraídos do meu livro: “O Banco do Brasil na História do Recife”, editado em 2013, onde consta que Jacob Alrichs, tesoureiro da Cia. das Índias Ocidentais, cunhou as últimas moedas, com ouro recebido da guiné, informação histórica até então adormecida nos documentos mais antigos que pesquisei.

Ilustramos esta crônica com uma das obras do pintor holandês Albert Eckhout (1641-1643), que foi contratado pelo conde Maurício de Nassau para retratar o Brasil. Suas pinturas contribuíram para que os europeus se interessassem pelo Brasil-holandês.

Devemos a Maurício de Nassau, portanto, os fundamentos de um elementar sistema bancário brasileiro, organizado, posteriormente, sob o título de Superintendência da Moeda e do Crédito – SUMOC , que funcionou até 1963, transformando-se em Banco Central do Brasil.

3 pensou em “MOEDAS DE OURO EM PERNAMBUCO

  1. Grato pela generosidade cro amigo.
    Disponha no que precisar sobre o tema ccocmentado.
    Cordialmente,
    Carlos Edurdo.

  2. “Nosso” Jornal da Besta Fubana é cultura direta na veia, nossos colunistas são exemplares, felizes somos nós leitores desta gazeta escrota que temos o prazer de ter entre tantos talentos pessoas da extirpe do Dr. Carlos Eduardo.

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