CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

Berto, caro amigo, permita-me compartilhar esse vídeo com a comunidade fubânica.

Não tenho qualquer intenção de aumentar a audiência da CNN Brasil, que de mim não precisa, mas é que me chamou a atenção esse debate do programa WW, realizado ontem (23/out/2022), cuja chamada na tela é: O QUE É A DIREITA QUE SAIU FORTE DAS URNAS?

No programa, o renomado jornalista William Waack conversa sobre o tema em epígrafe com três estudiosos da sociedade: uma cientista política e pesquisadora da USP; um sociólogo e cientista político; e uma socióloga, cientista política e também pesquisadora da USP.

Mas o que me estimulou a trazer o vídeo para o debate fubânico foi a impressão que o programa me causou, de que os três especialistas convidados pela CNN eram incapazes de compreender, ainda que superficialmente, o fenômeno sobre o qual debatiam.

Interessante observar que essa minha impressão está refletida nas centenas de comentários ao vídeo no YouTube. Ou seja, muita gente, como eu, teve a percepção de que os comentaristas estavam desconectados da realidade.

Falaram de raiva, de ressentimento, de rancor, de antipetismo e outros sentimentos negativos que supostamente caracterizam a direita brasileira, mas pouco se referiram a grandes mudanças ocorridas nas últimas duas décadas, no campo político, tecnológico, ideológico, além de tantos outros fatores que têm influenciado a maneira das pessoas pensarem. No Brasil e no mundo inteiro.

Como esses especialistas podem tentar explicar a direita brasileira – e esse era o tema do programa – sem falar da decadência do monopólio da informação, causado pela internet, especialmente as redes sociais? Do crescimento do empreendedorismo (e do bom individualismo), inclusive com influência tecnológica? Do desenvolvimento dos aplicativos de serviços, das startups e outros fatores que fazem as pessoas perderem o interesse pelos direitos trabalhistas e repudiarem os sindicatos?

Como podem compreender a sociedade brasileira, se partem do pressuposto de que posturas conservadoras, como a valorização da família e a rejeição ao aborto, são um obstáculo a ser superado na construção da sociedade que idealizam? Se presumem que a religiosidade do povo brasileiro é um atraso?

É óbvio que existe antipetismo, ressentimento e raiva em muitos brasileiros, especialmente naqueles que se decepcionaram com as escolhas eleitorais que fizeram nos primeiros anos deste século. Mas isso explica apenas uma pequena parte do fenômeno.

Parece-me, assim, que o surgimento de uma direita no Brasil vai muito além desses sentimentos negativos.

Para que essas causas do crescimento da direita brasileira sejam debatidas em um programa de TV, é preciso que comecem a convidar pensadores de direita para o debate. São poucos (ainda), mas Olavo de Carvalho deixou um legado.

10 pensou em “MARCOS MAIRTON – BRASÍLIA-DF

  1. Caríssimo MM, meus respeitos. Sua postagem requer, no meu entendimento, duas coisas: conhecimento e muita conversa isenta de qualquer decisão. A geração que está posta neste momento, em que pese os títulos (minha debochada Avó diria: “apelidos” no sentido pejorativo mesmo) de “cientistas políticos”, disso fica evidente que são neófitos. Infelizmente, a televisão brasileira, capitaneada pela TV Globo, tem feito isso. A toda hora “confunde” no discorrer das reportagens, “opiniões pessoais” com o factual. Por isso que, em má hora, inventaram o rótulo de “influenciador(a)”.

    • José Ramos, caro amigo. Eu fico impressionado ao ver tanta gente cheia de títulos, dizendo coisas que parecem não fazer sentido. Talvez a ignorância seja minha, mas ainda não me convenceram disso.
      A parte mais estranha é quando ouço o discurso de certos defensores dos pobres, que parecem nunca ter visto um pobre de perto. O pesquisador sai por aí recolhendo números em pesquisas mal feitas, e conclui um monte de coisas sobre pessoas que ele nunca viu. Quer falar pelos pobres, mas nunca falou com um pobre.
      Ando impaciente com essas coisas.
      Receba meu abraço, amigo!

    • O que eles disseram por declarações dissimuladas é que as pessoas vão para o espectro da direita conforme sobem os pequenos degraus da escala social e percebem que podem continuar subindo. E isto é um pecado para a existência da esquerda.

  2. Pois é Mairton….

    Gente da USP ???!!!
    Que perda preciosa de seu tempo..
    Lamento …. !!!

    É como dizer que ouviu (eu diria perdeu tempo precioso novamente) um “debate” na rede Globo sobre a censura, ou liberdades democráticas….

    Ou pior……. ouvir o canalha, ladrão, arrogante, ignorante e cachaceiro falar sobre a visao de honestidade, própria e dos “coitados” dos “mininu” que assaltam, sequestram e assassinam, cruelmente um ser humano……

    Tsk tsk tsk ….. patético

      • Entendo a reação de vocês. E lamento: primeiro, que as grandes empresas de comunicação no Brasil funcionem assim; segundo, que intelectuais que fazem parte da universidade mais importante do Brasil tenham sejam tão desacreditados, e com razão.
        No fim das contas, tanto a mídia como os intelectuais caem em total descrédito.

  3. Nesse caso não houve debate (até acho que a intenção não era debater) e sim uma explanação de idéias em que todos os participantes tem a mesma opinião! Tivessem convidado pensadores com idéias diferentes, o programa seria mais esclarecedor e rico em conhecimentos! Pessoalmente respeito muito as ideias desses professores, afinal vivemos em uma democracia, mas discordo de quase tudo o que eles falaram!

  4. Caro Sr. Marcos, acho a primeira coisa que WW e sua equipe de “Especialistas” na CNN deveriam fazer para entender o que está acontecendo no BR é descer do púlpito onde se colocam e calçarem a sandália da humildade. Em outras palavras, sair da Bolha e ir para o mundo real.

    A palavra que eles não falaram e que vai muito mais além de um espectro político é: Conservadorismo. Uma palavra tão mal compreendida e temida pela elite intelectual.

    Dizer que o prof. Olavo de Carvalho tinha razão há mais de 25 anos quando previra o que está acontecendo hoje então, jamais passaria pelas suas cabeças.

    Vou falar em uma linha o que eles não descobriram ainda: O povo brasileiro é conservador em sua grande maioria. 50 anos de intervencionismo do Sistema (via rede Globo) não mudou a nossa cultura. Daí o desespero.

    Abraços

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *