MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Mês passado meu texto – De Goela abaixo – falava da imposição de coisas que estão nos fazendo diariamente nesse país. Queria muito voltar a falar de Economia, de comentar os indicadores financeiros que foram gerados sob a batuta de Paulo Guedes e de tantas outras coisas que se constituíram como ações importantes dentre as quais a inserção do Brasil na OCED que é um grupo de 37 países mais ricos do mundo. O Brasil estava avançando na pauta para entrar nesse seleto grupo, com mais de 50% de compromissos já firmados e cumpridos. Hoje, o país avança na puta…ria.

O governo atual chutou o pau da barraca e deixou claro que não quer a companhia dos ricos e que prefere a miserabilidade dos pobres. Importante dizer: não é vergonha nenhuma em ser pobre e quando falo aqui eu estou me referindo, exclusivamente, as condições de vida desses países ricos, onde um pobre lá é duzentas mil vezes melhor do que um pobre aqui. Lá existem políticas públicas voltadas para atender a população carente. Aqui existem políticas eleitoreiras.

Diariamente a gente vê uma ação do governo que afronta a dignidade humana e quando falo em governo não me refiro ao desgraçado que senta na cadeira presidencial, mas ao gabinete. Governo é um gabinete, não uma pessoa. Se a gente for coletar o que este governo atual faz… digo com toda sinceridade: é um teste para qualquer coração, para qualquer organismo honesto. Algo como: “quem suporta isso aí, tem uma saúde de ferro”.

O governo beira a anarquia em nome de uma minoria que querem, a força, transformar em maioria. A porra da Constituição diz que “todos são iguais perante a lei”, mas as ações governamentais vão na direção de que alguns devem ser melhores do que outros. Não sou contra nenhuma etnia, não tem preconceito de cor – a família de minha mãe é negra – tenho alunos que são gays, participei de um programa do governo – quando jovem estudante de Matemática – para dar aula a presidiários e meus alunos eram ladrões, assassinos, estelionatários, traficantes, etc. e os tratei como alunos. Nunca fiz qualquer julgamento de suas ações porque isso cabia à justiça fazer e não a mim. Um detalhe: havia alunos presos por atentados ao pudor, mas o único caso de estupro que eu conheci foi de um vigilante de uma escola, em Olinda, que violentou uma criança de oito anos, asfixiou e introduziu um pedaço de pau de goiabeira na vagina da criança. Esse cara vivia isolado porque os demais presos queriam matá-lo.

Quando falo sobre uma minoria, não me refiro aos pobres que neste país, assim como em outros, são maioria. A minoria que me refiro é, por exemplo, a quantidade de bandidos que tem esse país. Um percentual muito pequeno dos duzentos e três milhões de brasileiros são bandidos e a turma dos direitos humanos focam essa minoria esquecendo o restante da população. É como se você tivesse um saco com cem laranjas, das quais 5 são podres e ao invés de tirá-las do saco para fazer um suco de boa qualidade, você obrigar que elas permaneçam ali apenas porque elas têm o direito de virar suco. E de laranja podre em laranja podre, aqueles que desejam um suco de qualidade vão ter que engolir. Os desmandos são muitos.

A falência moral desse estado se abriu de vez com essa volta desse bandido infeliz à presidência. Eu tenho dificuldades em entender certas medidas adotadas, mas talvez seja apenas uma fuga para reconhecer que não temos chance de transformar esse país num país sério. Quem acredita, apela para a questão da evolução espiritual, ou seja, seria necessário um cataclismo que depurasse o país tirando do ar aqueles que moralmente não se adequaram. Francamente, eu não gostaria de ver esses bandidos pagando sua pena diante do “Criador”. Gostaria, imensamente, que essa pena fosse paga aqui para servir de exemplo e coibir o surgimento de outros bandidos.

Enquanto isso, o estado continua falhando nas suas prerrogativas de ser estado, de trabalhar para defender o bem estar social das pessoas. A morte dos médicos no Rio de Janeiro é uma falha grave, mais uma falha grave, do estado de defender seus cidadãos. A ação dos traficantes de executar os assassinos antes mesmo da polícia iniciar as investigações é a pura constatação de um poder paralelo muito mais aparelhado e capaz do que as instituições formais. Como os traficantes chegaram aos nomes dos assassinos? Como os localizaram – juntos – em menos de 24 horas? Que rede de informação poderosa é essa? O que está por trás dessa capacidade? Infelizmente, a certeza de que nós somos alvos claros e que qualquer um de nós pode ser vítima na hora que bandidagem bem escolher. Eles sabem onde estamos e as instituições organizadas para nos defender parece não ter nem ideia de quem são essas pessoas.

Não para por ai: rombo de R$ 154 bilhões nas contas públicas quando o ano passado tivemos superavit; multa para Uber de R$ 1 bilhão e o jumento do ministro do trabalho dizer “se a uber quer sair do país, que saia. A gente acha outra para substituir”. Eu desafio essa anta de dizer qual empresa teria interesse em operar um sistema de aplicativo sabendo que terá que contratar cada prestador de serviços. Esses filhos da puta estão acabando com esse país. Economia é assim: basta um evento simples para derrubar a economia, mas a recuperação é lenta e gradual. É como um prédio: implodir é bastante rápido, reconstruir é outra coisa. Numa entrevista sobre a economia brasileira com a pandemia eu disse que eram necessários, pelo menos, dez anos para gente voltar ao nível de emprego, produção e preços ideais. Agora precisaremos de vinte.

Enquanto isso não acontece a gente vai batendo o cu. Se num evento oficial do ministério da saúde dançaram o Bate Cu, acredito que essa é a mensagem formal que o governo quer passar: tá com problema de saúde? Bate o cu. Não posso terminar sem agradecer aos caras que votaram nesse bandido e/ou que permitiram a volta desse bandido.

6 pensou em “MAIS DO MESMO

  1. Meu caro Maurício.até hoje me pergunto como se chega ao posto maior do Brasil-depois dos iluminados ,claro-e não poder andar nas ruas e ser rotulado pelo que realmente o é, tempos tenebrosos há por vir, não tem um ano e já vivenciamos uma terra arrasada?

  2. Meu caro Maurício. E, só eu pensava que o caium era exclusividade minha. Parece que você bebeu dele demais, também.
    Se me der licença, vou fazer baixar o espírito de Giordano Bruno neste caeté….”Ora, que ingenuidade a minha pedir aos donos do poder que modifiquem o poder”.
    Estamos lascado, enquanto estivermos pensando com o estômago e ter a mentalidade de porcos em uma pocilga.
    Suas palavras são verdadeiras e doloridas, mas para a massa, enquanto houver promessa, só promessa de picanha e cerveja, não há de se querer mudar esse estado de coisas. Moralidade, vergonha na cara, espírito público…. nada disso faz sentido em uma nação que ele prontuários policiais para ser seu representante. Sabendo da verdade preferem o erro, conhecendo os fatos, escolhem a ilusão. Isso é Brasil.
    Não sou de entregar a luta, mas, pelo tudo que está ocorrendo, esta guerra já está perdida. O melhor caminho para quem ainda tem consciência, é o do aeroporto internacional. Infelizmente. E o Brasil vai de mal a pior, mas calma, hoje ainda é melhor que amanha, e ontem foi menos pior do que hoje.

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