PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Na vida para mim não há deleite,
Ando a chorar convulsa toda a noite,
E não tenho nem sombra em que me acoite,
E não tenho uma pedra em que me deite!

Ah! Toda eu sou sombras, sou espaços!
Perco-me em mim na dor de ter vivido!
E não tenho a doçura duns abraços
Que me façam sorrir de ter nascido!

Sou como tu um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés,
Sou como tu um riso desgraçado!

Mas a minha tortura inda é maior:
Não sou Poeta assim como tu és
Para concretizar a minha dor.

Florbela Espanca, Portugal (1894-1930)

Um comentário em “MAIOR TORTURA – Florbela Espanca

  1. Quem seria o poeta para o qual a Florbela dedicou seu soneto?

    Ao menos ela inspirou o poeta carioca Antônio Maria;

    Ninguém me ama, ninguém me quer
    Ninguém me chama de meu amor
    A vida passa, e eu sem ninguém
    E quem me abraça não me quer bem

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