PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Eu que cheguei a ter essa alegria
de junto ao meu possuir teu coração!
Eu que julgava eterna a duração
do voluptuoso amor que nos unia,

sou ‒ apagada a última ilusão,
morto o deslumbramento em que vivia,
‒ um cego que ao lembrar a luz do dia
sente mais negra ainda a escuridão.

Tu me deste a ventura mais perfeita,
perdi-a e dei-te a chama insatisfeita
dessa imensa paixão com que te quis…

Hoje, o que eu sinto, inútil, revoltada,
não é mágoa de ser desgraçada,
‒ é pena de ter sido tão feliz.

Virgínia Vitorino, Alcobaça, Portugal (1895-1967)

Um comentário em “MÁGOA – Virginia Vitorino

  1. Ô sofrência da pobre Virgínia

    Teve momentos de volúpia e prazer e associou isso ao amor e a felicidade.

    Coitada, se deixou levar por uma ilusão.

    Esta história de possuir o coração da pessoa amada, ventura perfeita, não existe.

    Amor é uma coisa a ser conquistada a cada dia, a cada olhar.

    Felicidade se constrói a cada pequena coisa, como acordar e se sentir feliz por poder viver.

    O resto é sofrência.

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