JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

Medidor (conchinha) do leite em pó

O mundo não mudou. A tecnologia não mudou o mundo. As pessoas que mudaram.

Assim, com esse entendimento, mas com a humildade para ceder ideias e pensamentos contrários, lhes trago hoje dois assuntos – e pretendo lhes mostrar o lado poético da saudade e da lembrança nesse mundo habitado não por seres humanos, mas por “seres tecnológicos”.

Exemplo: quando surgiu, o telefone celular era privilégio de poucos e abastados financeiramente. Hoje, quem não tem um celular, literalmente, “não vive”.

O celular está com todos, em todos os lugares. Faz parte da mesa de refeição, como se fora uma salada, uma entrada do almoço ou jantar – e, quando digo que as pessoas que mudaram, é por que permitimos essa invasão e já nos rendemos a ela.

Peraí Zé Ramos! Isso nada tem com os assuntos pautados, siô!

Voltemos a eles, então.

Era, era assim mesmo. O aborto não era planejado, tampouco era assunto que tomasse conta do tempo das cortes jurídicas em detrimentos de julgamentos mais urgentes e necessários.

Assim, era comum nas casas das classes média alta e baixa, ter uma criança “gatinhando” (começando a andar), enquanto a mãe, com o avental sujo de ovo, com outro filho colocado “no vão das costelas”, enquanto mexia o papeiro no preparo do mingau – às vezes, para alimentar os dois.

Mas, era o terceiro filho, o que já tinha pouco mais de oito anos, que, traquinamente e escondido, surrupiava a “conchinha do leite em pó” para satisfazer nem se sabe lá a quem ou a que.

E, pasmem. Não dava para enganar a mãe, pois o leite em pó ficava “pregado no céu da boca” (véu palatar).

Aboliram a conchinha do leite?

O toque da campainha e a fuga

Autorizar o aborto, é atitude para quem deveria ter sido abortado. É ceifar a vida no momento que ela descansa da luta pela formação. Aborto é a morte.

As fases que marcam a vida de um ser humano após vir ao mundo são: infância, adolescência e juventude, e velhice ou ocaso. Todas essas fases, quando desfrutadas na plenitude, são ótimas.

Mas, nenhuma dessas se equipara a infância. A ingenuidade, o aprendizado e a formação do caráter acontece na infância.

É no tentar pular o muro para roubar (sem maldade) a goiaba, a manga, ou até para alcançar o ninho do passarinho.

Mas, nenhuma dessas atitudes se iguala ao “tocar a campainha da frente de uma casa, e fugir em disparada”.

E, quem não fez isso, com certeza não teve infância.

2 pensou em “LIRISMOS E PERALTICES DA INFÂNCIA

  1. Minha infância não teve tocar campainha e correr porque na cidade não tinha cada com campainha.
    Mas teve jogar bola na rua, peteca, caçar passarinho ( eita, cometi muito crime!), tomar banho em poço, açude, riacho apenas quando tinha inverno, chupar manga, cajarana, cajá, pitomba, tamarindo, juá, macaúba depois de correr atrás do caminhão da feira enfim, o que a natureza oferecesse.
    Como disse, não tinha apertar campainha e correr mas tinha pegar tamarindo verde, levar para o pátio da igreja, na festa de agosto, retirar do bolso e ficar na frente dos instrumentistas de piston, tuba, trompete como se estivesse chupando, fazendo-os secarem as reservas de saliva enquanto tocavam.
    Vocês não tem noção da maldade que era isso.
    José Ramos, vou devolver: quem não fez isso quando criança, não teve infância. 😂😂😂😂😂
    Parabéns e obrigado!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *