PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Quando Estela morreu, choravam tanto!
Chovia tanto nessa madrugada!
– Era o pranto dos seus, casado ao pranto
da Natureza – mãe desventurada!

Ninguém podia ver-lhe o rosto santo,
a fronte nívea, a pálpebra cerrada,
que não sentisse, logo, em cada canto
dos olhos, uma lágrima engastada!

Ai! Não credes, bem sei, porque não vistes!
Mas, quando ela morreu, chorava tudo!
Até dois círios, lânguidos e tristes,

acendidos á sua cabeceira.
iam chorando, no seu pranto mudo.
um rosário de lágrimas de cera!

Um comentário em “LÁGRIMAS DE CERA – Raul Machado

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