PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A vida, meu amor, que hoje passamos
só pode ser com lágrimas descrita,
tão grande a dor que o peito nos habita,
tão amargo este fel que hoje provamos.

Tão nublados de lágrimas levamos
os olhos, sob o peso da desdita,
que tudo que ante nós vive e palpita,
tudo inundado em lágrimas julgamos.

E todo esse lutuoso mar de pranto,
que vemos em nossa alma e em tudo vemos,
nasce de havermos nos amado tanto!…

Porém, embora a amar, tanto soframos,
cada vez mais, amada, nos queremos,
cada vez mais, querida, nos amamos.

Bento Ernesto Júnior, Minas Gerais, (1886-1934)

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