PRIVILÉGIO DE POUCOS
Ainda não releguei ao olvido o dia em que o Brasil, perplexo, tomou conhecimento, por meio da imprensa, – 7 de maio de 2019 – de uma licitação milionária autorizando a aquisição de itens de luxo para o Supremo Tribunal Federal, tais com: lagostas, vinhos especiais, whiskys, etc.
Todos sabemos, os brasileiros mais singelos sabem, que os Ministros do Supremo Tribunal Federal são merecedores de cardápios condignos às suas indiscutíveis honorabilidades e estaturas doutorais. Porém, aceder para que os suados impostos dos contribuintes se prestem a bancar cardápios régios, principescos, é insensatez que exprime deboche a um Brasil devastado por chagas sociais. Ademais, tal exagero, muito além do razoável, não faz honras à sabedoria que pauta as ações da magnânima Corte, que, aliás, não pode ignorar o sentimento de brasilidade, o sentimento de pertencimento à Pátria brasileira.
Usar o dinheiro do contribuinte para repimpar-se de iguarias nababescas o STF, ao invés de ofertar quinhão de auxílio para o Brasil soerguer-se, presta seu contributo para mantê-lo debaixo dos escombros. Se não pode remediar os males de um povo trôpego, esbofado, não o torne mais enfermiço.
Portanto, na qualidade de pagador de impostos, consigno minha reiterada discordância a esse privilégio, de poucos, em detrimento de milhões de brasileiros que, sobrevivendo do essencial, não tiveram o privilégio de conhecer o tão desejado banco de escola que faz libertar da jaula escura do analfabetismo.
Na literatura espanhola há uma expressão proverbial segundo a qual quien calla otorga. Em português equivale a “quem cala consente”, ou seja, o silêncio equivale a um assentimento, a bem dizer, quem não se manifesta contra uma atitude a ela acede; eu não acedo.
Não é só esta corte, todo o judiciário de longa data depena o povo com inúmeras benesses e salários nababescos.
Poder improdutivo nos processos que julgam porém agem como se fossem capazes e eficientes.
Muitas alegrias, José Roberto.