CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Rubem Braga, o General das Letras

Na década de 1940 se definia fuzuê, na boca popular, como qualquer confusão, desentendimento coletivo, briga de rua, briga de políticos, etc., embora os dicionários definam de outra forma.

Nesta semana que finaliza o ano de 2022 pode se dizer que nas ruas e no coração de cada brasileiro existe inquietude pelo que pode acontecer a partir de hoje, visto que a Nação está atribulada.

Estes dias me lembram os idos de 1964, quando multidões saíram às ruas para protestar contra o comunismo, e derrubado o sr. João Goulart por um golpe parlamentar, seguiu-se um Regime Militar ferrenho, que por bom tempo arrumou a casa brasileira, embora alguns inocentes hajam sido injustiçados.

Naqueles tempos de censura inclemente os chargistas aproveitaram para “baixar o cacete”, ao seu modo, com críticas mordazes e fatos interessantes que foram registrados nos jornais, no tempo em que a Imprensa era respeitada.

Certo dia o general Meira Matos encontrou o famoso cronista Rubem Braga que fazia sua caminhada pela orla de Copacabana e puxou conversa:

– Por que o senhor não escreve mais?

Rubem:

– O senhor gostaria de ser corrigido por um sargento? Pois eu também sou um General das Letras!

No teatro, onde tudo é ao vivo, qualquer escorrego de um contra-regra podia causar graves dificuldades aos atores, que são obrigados a improvisar.

Os atores e a turma da retaguarda sabiam que ali na primeira fila estava sentado um censor, de forma que não se podia incluir nada que fosse fora do texto, onde geralmente a turma da esquerda aplicava alguma alfinetada nos militares do Governo.

Marco Nanini devia entrar em cena como Lady Lacroféia dizendo: Estamos sendo perseguidos por fantasmas e espíritos.

Mas o ator entrou com um cabide pendurado no vestido, por erro do contrarregra. Então disse naturalmente:

– Estamos sendo perseguidos soldados, fantasmas, espíritos e cabides.

Alguns políticos da época reclamavam, outros não. Da direita à esquerda. Forneciam material para os chargistas. O famoso Chico Caruso, que sempre “baixava a lenha” sem pena, às vezes aproveitava para dar uma aliviada:

– Eu tenho a impressão de que essa politicalha trabalha para mim!

Nos anos 70 surgiram muitos humoristas no Rio Grande do Sul e Luiz Fernando Veríssimo comentou durante uma entrevista:

– Não pretendo ser um dos melhores de minha cidade. Se for o melhor de minha rua já estarei satisfeito.

Adolf Hitler expôs o que pensava a respeito da arte moderna, num congresso do partido nazista em 1933:

– Se cada coisa que deram à luz foi resultado de uma experiência interior, então esses artistas são um perigo público.

Os nazistas estão diante do mais famoso quadro de Picasso, em Paris.

– Foi você quem fez isso – perguntaram;

Picasso:

– Não, foram vocês!

Um garoto de 8 anos durante entrevista ao vivo na Tv:

– A clonagem é a maior invenção que eu já vi. Já pensou duas cópias iguaizinhas a mim? Um dia eu iria à escola, no outro eu iria gazetear.

No final dos anos 50 o programa espacial americano, criado pelo alemão Werner von Braun, perdia terreno para os russos. O presidente Eisenhover, então, pede aos seus assessores que expliquem o porquê. Eis a resposta:

– Os alemães deles são melhores do que os nossos.

E pra evitar um fuzuê sobre Direitos Autorais, devo dizer que captei algumas destas notas do notável pesquisador Mário Goulart, em seu O Livro dos Erros.

E para aliviar as inquietudes de tantos patriotas que estão se manifestando na porta dos quartéis e outros que estão confortavelmente soltando suas flatulências nos sofás de casa, deixo estas notas sabatinas, que nada têm de confusão: só Histórias.

Fuzuê, provavelmente, veremos daqui há mais alguns dias!…

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