Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los não pude.
Mote de Raymundo Asfora
Minhas musas foram tantas
Que meu peito sonhador
Viveu como um beijar-flor
Pousando em diversas plantas.
Umas foram como as santas,
Cheias de imensa virtude,
Outras, por ilicitude
Só trouxeram devaneios.
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los não pude.
Fui um ébrio seresteiro
Cantando os meus sentimentos,
Perguntando aos quatro ventos:
– Qual o amor verdadeiro?
Mas nunca tive o roteiro,
Azimute ou altitude.
Espero que Deus me ajude
A vencer os aperreios.
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los não pude.
Só ficaram do passado
As minhas divagações,
Desventuras, frustrações
De amar sem ser amado.
Tudo que eu tinha sonhado
Perdeu a magnitude
Só restou meu alaúde
A me alegrar com ponteios.
Não tive amores, sonhei-os,
Mas possuí-los não pude.