Modelo de expansão das eólicas gera danos sociais e ambientais
Muito tem sido dito sobre o papel das fontes renováveis de energia (solar, eólicas, hidrelétricas, biomassa) na solução para tornar a matriz energética mundial mais “limpa”, e de mitigar os impactos das mudanças climáticas globais. Todos os vários cenários sobre o futuro da energia no mundo, elaborados por entidades como a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), apontam para o aumento do uso das fontes renováveis.
No Brasil, em particular, não poderia ser diferente, visto ser um país tropical, continental; e ser favorecido com recursos naturais exuberantes como sol, água, ventos, florestas em larga escala. Hoje nosso país, além de outros quatro países no mundo, como a Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Islândia; tem mais de 40% da energia primária utilizada proveniente de fontes renováveis.
As hidrelétricas ainda são as que mais produzem energia, pouco mais de 60% da matriz elétrica nacional. A energia eólica por sua vez tem tido um crescimento extraordinário nos últimos anos, baseada em um modelo de expansão baseado em grandes centrais formadas por milhares de aerogeradores, que ocupam grandes áreas de terra (para cada torre a área de serviço é em torno de 1 há, além da distância entre elas).
Com grande alarde publicitário, a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) divulgou que no final de 2021 a potência instalada por esta fonte energética ultrapassou a marca dos 21 GW. O que representa 12% da potência total instalada (aproximadamente 180 GW). Aumento vertiginoso considerando que em 2011 havia 1 GW implantado no país.
E é no Nordeste que se concentra mais de 80% dos parques eólicos. Hoje são 790 parques distribuídos em 12 Estados, com mais de 9.000 aerogeradores. A maior preocupação, que ainda é pouco discutida fora dos meios acadêmicos, centros de pesquisa e de movimentos sociais que tratam da questão da terra e meio ambiente, são os enormes prejuízos e danos socioambientais causados pela implantação centralizada destes dispositivos geradores de energia elétrica.
A exploração dos ventos, vem somar aos impactos já causados pela criação de pastos, pelos latifúndios, pela forma extrativista praticada pela população local, pelos impactos da irrigação inadequada. Assim o bioma caatinga, encontra-se ameaçado.
Ao listar os problemas e danos causados pelos “negócios do vento” e seu modelo de expansão predatório, nos defrontamos com a questão da ocupação da terra. De fato, os contratos de arrendamento (em sua maioria) acabam expropriando as terras dos posseiros, sobretudo pela longa vigência (35 a 40 anos), com cláusulas de renovação automática, e por meio de restrição ao uso de terras comuns, provocando alterações nas dinâmicas sociais e econômicas locais.
Os danos ambientais são diferentes no que concerne ao local de implantação dos parques eólicos. No caso da zona costeira altera significativamente as características ecológicas e morfológicas desses ecossistemas, especialmente os lacustres, os campos de dunas e os manguezais. Esses ecossistemas são sistematicamente degradados, com desmatamento, supressão de habitat, soterramento, impermeabilização e compactação de dunas, o que tem aumentado os processos de erosão costeira e alterado a dinâmica hídrica das regiões e, consequentemente, a disponibilidade de água doce. No caso da implantação ser no interior afeta diretamente, e principalmente o bioma caatinga com a supressão de vegetação, e diminuição das áreas de cultivo da agricultura familiar.
Outro aspecto diz respeito ao impacto sonoro constante. Um dos principais problemas relatados pelas populações que vivem perto dos parques é o ruído significativo e constante gerado pelo vento que movimenta as pás dos aerogeradores. Além do impacto sobre a avifauna e o impacto visual, cujas pás das turbinas produzem sombras e/ou reflexos móveis que são indesejáveis nas áreas residenciais. As máquinas de grande porte são objetos de muita visibilidade e interferem significativamente nas paisagens naturais; por isso poderia haver restrições à sua instalação em algumas áreas (por exemplo, em áreas turísticas ou áreas de grande beleza natural).
Daí que usinas eólicas que viessem violar direta ou indiretamente as nascentes, os biomas protegidos, e o modo de vida dos agricultores e agricultoras familiares deveriam ser rechaçadas, em nome do bem estar e bem viver das pessoas, áreas turísticas, e da proteção e conservação ambiental.
Energia e meio ambiente são temas da maior importância na discussão mundial sobre o aquecimento global. O momento vivido das mudanças climáticas e seus graves efeitos ao povo do semiárido merecem tratamento com mais seriedade e imparcialidade. E não somente como “negócios”.
Esta é mais uma advertência sobre o que vem acontecendo com estas grandes obras se alastrando nos últimos anos, e contribuindo para o desmatamento da Caatinga, de restingas, resquícios da Mata Atlântica, vegetação de brejos de altitude, …. Além de provocar o êxodo forçado do campo, e assim alimentando e agravando o processo de urbanização caótica.
Não se pode mais escamotear os problemas que estão sendo denunciados pelos atingidos e relatados nos trabalhos científicos. Faz se necessário uma ampla revisão da conduta dos órgãos públicos a respeito das inúmeras violações que estão sendo cometidas pelos “negócios do vento”. Lembrando que omitir, retardar ou deixar de praticar indevidamente ato de investigação é prevaricação. Crime funcional praticado por funcionário público contra a Administração Pública.
O autor é professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco. Físico, graduado na Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, com mestrado em Ciências e Tecnologia Nuclear na UFPE, e doutorado em energética na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica-França.
Nunca li tanta babaquice junta.
Utilizar energia nuclear é crime, gás natural tem origem fóssil, combustivel derivado de petróleo é pecado capital, hidrelétricas inundam áreas dos indígenas e prejudicam flora e fauna. Aí se resolve utilizar a energia do vento e do sol e os especialistas declaram que elas produzem prejuízos irrecuperáveis. Essa turma quer mesmo é eliminar a maior parte da humanidade e fazer o restante viver em cavernas – sem utilizar fogo. Tudo em nome da “ciência”. Alguma boquinha perderam.
Faz todo sentido o artigo do autor, agora acho que ele tem uma grande lição de casa, pois o norte está dado, então não tem volta. Ele tem que estudar e apresentar quais são as suas proposta de redução dos impactos, com plano de negócios para implementação, pois todo progresso acaba com algum impacto negativo, o grande desfio é: reduzir os impactos negativos de forma que se garanta o futuro.
Difícil comentar tanta asneira e ignorancia nos comentarios.
A ciencia tem mostrado a necessidade URGENTE dos paises em realizar a transicao energetica, a passagem dos combustiveis fosseis para as fontes renovaveis. Infelizmente o modelo de expansao das tecnologias solar e eolica nao tem respeitado as boas praticas socioambientais. E ai q concentra minhas críticas. Existe sim outro modo de usar as fontes renovaveis diminuindo drasticamente os impactos.
Qto a energia nuclear o Brasil nao precisa das usinas nucleares, pois sao muito caras, perigosas e sujas.
Nao existe energia limpa
obrigado por ter me incluído entre os que professam asneiras, pois demonstrou claramente o seu caráter de ser só crítico, e não ter nenhuma vontade em se envolver nas soluções, jogando por terra todos os seus títulos universitários, o que acaba dando razão aos comentários.
Vamos fazer então corredores ecológicos para marias-farinha, carangueijinhos das pedras, vias aéreas para atobás, gaivotas e afins e doar tapa-ouvidos aos urubus para evitar o zumbido. E o Nordeste que continue sifudendo pelo pensamento do PhD (papo horrível e demorado) que tem solução para nada, sqd.
Ah! Sim, esqueci. Faltou sua sugestão pra estocar os ventos em sCoscdexaniagem, pois os práticos tem origem em combustíveis fósseis.
..em sacos de aniagem, pois os em plástico…
Jose Crente, desculpe inclui- lo no meu comentario. Pasei batido em relacao a seu comentario/sugestao.
Passei minha vida academica trabalhando no tema energia, sendo defensor das fontes renovaveis de energia. Qdo falar em energia solar e eolica era coisa de doido, de idiota, o bom mresmo era energia nuclear. Depois veio Tchernobyl, Fukushima, Goiania, e os nucleoides se calaram. Até os lobistas da industria nuclear comecarem novamente a venderem a energia da morte.
Te afirmo q existem sim maneiras de diminuir os impactos das fontes renovaveis, por ex. a geracao descentealizada (small is beatiful). Obviamte junto com a geracao centralizada, desde q respeitem a natureza e as pessoas.
O q acontece hoje é q os negocios do vento e do Sol nao respeitam nada e so pensam na grana. Ai devastam tudo para obter lucros faraonicos, fora da realidade do mercado. Bgrejos de altitude, areas costeiras, biima Caatinga, etc estao sendo dizimadas.
A terra, como “insumo principal.” é adquirida de graca, e qdo arrendada, os contratos sao draconianos. E na verdade acontece a expropriacao, geralmente contra pequenos agricultores, pescadores (qdo em areas costeiras), populacoes originarias. Estas sao as mais atingidas.
Varios colegas das universidades publicas nordestinas (UFCG, UFC, UFPB, UFPE, UFRN, entre outras) tem estudado estas quwstoes e oferecidos propostas.
Estou a disposicao para discutir com vc e com quem realmente tenha alguma coisa no cerebro. E nao burrice cronica, t
Meu caro Professor Heitor.
Nós aqui do Sertão de Irecê estamos cercados por parques eólicos:
No Leste e no Norte as serras de Morro do Chapéu; no sul, grande parte da Chapada Diamantina, até encontrar o Velho Chico, nas Serras do Assuruá, em Gentio do Ouro.
Algumas modificações ambientais temos presenciado, principalmente a migração de felinos de grande porte ( onças pardas) invadindo propriedades fora das serras e até foram vistas, fotografadas e filmadas, transitando em algumas cidades, povoados e estradas da região.
Há uma falácia que estes parques eólicos tem o condão de modificar a direção dos ventos, facilitando com isso, o aumento das chuvas.
Coincidentemente, de tres anos para cá, tivemos dois anos de chuvas acima da média ( média 450 mm/ ano – passando para 680 mm, e 950 mm/ ano , e um terceiro período, dentro da normalidade, 450 mm), após 8 anos de uma seca severa ( média em alguns anos 180 mm).
É mais una asneira, ou tem algum fundamento científico?
Aqui na Garça Branca, temos dois pequenos conjuntos fotovoltáicos , gerando 12 mil watts/ hora, 8 horas/ dia, que tocam dois pequenos projetos de irrigação.
Ocupam.pouco espaço ( 40m²) e ajudam a irrigar 5,5 hectares ( 55. Mil m²).
Podem até trazer algum transtorno ao meio ambiente, mas fazem bem enorme ao meu combalido bolso.
Eu também venho labutando e refregando com energias renováveis há algumas décadas. Posso até afirmar que durante minha passagem como Diretor de Energias Renováveis do governo de um dos estados nordestinos, e depois, como coordenador geral de planejamento da Sudene, juntamente com meu chefe, o brilhante e infelizmente finado Luiz Gonzaga Pais Landim, fomos os responsáveis pela explosão de parques eólicos no Nordeste a partir de 2011, quando assumimos a Sudene, apesar da ferrenha resistência do amaldiçoado Guido Mantega (não tinha o direito de ser tão imbecil e pusilânime), de Luciano Coutinho, do BNDES, que queria o monopólio dos financiamentos a fim de poder roubar bastante, e da jumenta Dilma.
Mas isso é uma outra estória.
O que interessa é que vejo razão em ambos os lados dos argumentos apresentados:
a) Sem as fontes de energia renovável, ESTAMOS LASCADOS!
b) Para produzir essa energia, não podemos destroçar com o que a natureza nos deu.
Não creio que valha a pena ficarmos nos xingando por causa disso.
Welintin
Nao existe nenhums relacao entre mudanca de direcao do s ventos, aumento da pluviometria e aerogeradores. Uma falacia.
O q existe nas grandes instalacoes, producao de energia indiustrial é o desmatamento da Caatinga, de areas com nascentes, resquicios de mata Atlantica, e suas consequencias.
O beneficio economico a curto prazo podera trazer consequencias danosas. Nem tudo é compensado com $$$
Adonis,
Sem duvida o crescimento dos parques eolicos esta sendo vertiginoso. Afinal é um “negocio da China” para os empreendedores. Em 2011 tivemos uma potencia instalada de 1 GW e hoje temos 21,5 GW, praticamente 12% da potencia total instalada no pais.
Esta expansao tem como uma das principais causas, alem dos excelentes ventos disponiveis, o baixissimo preco da terra qdo adquirida, ou mesmo o valor infimo pago qdo arrendada (expropriada).
Sem contar o total desmonte /flexibilizacao da legislacao ambiental nos ultimos 6 anos.
Enquanto nao nos conscientizarmos q podemos conciliar o desenvolvimento sustentavel com a preservacao ambiental vamos continuar a aturar estes comentarios jurassicos aqui presentes.
Lembro q estamos dentro do q se convencionou chamar emergencia climatica.
Agora se tem gente q acredita q a Terra é plana. Que a vacina contra a Covid nos transforma em Jacare, e outras aberracoes q temos escutado e ate banalizados. Paciencia é o q nao tenho.
Vermelhinho, vermelhinho. Tudo se revela. Questão de tempo.
Eu não sou especialista em Política Energética (falácia da autoridade), mas vou dar alguns palpites:
Energia Nuclear. Não é suja ou perigosa ou cara. O acidente de Chernobyl ocorreu, pois a segurança na usina foi negligenciada pela URSS e uma série de erros foram feitos que geraram o acidente com a usina em pleno funcionamento sem que houvesse meios de resfriá-la.
Fukushima foi sacodida por um terremoto 8,9 na escala Richter (altíssimo), depois foi varrida por um tsunami, o reator foi desligado e os danos ocorridos nem se comparam com o caso Chernobyl.
Goiânia o que houve não tem nada a ver com Usina Nuclear. Em 1987, um catador de lixo desmontou um aparelho de radioterapia abandonado e teve acesso a uma cápsula de Césio 137 que estava em um lixão (esta foi a negligência). Daí levou a cápsula até a favela, abriu e verificou que o pó existente brilhava à noite. Todos os moradores direta ou indiretamente se contaminaram. A menina Leide das Neves, que passou o pó no corpo foi a principal e mais atingida. Mais de 3.500 m3 de lixo radioativo foi gerado e 120 pessoa sofreram os efeitos da exposição.
Não há mais nenhum caso de acidente grave com Usinas nucleares.
A Alemanha tinha cerca de 60% de sua EE gerada por geradores nucleares, todos bonitinhos e que nunca deram problemas. Os Verdes resolveram fechar todas as usinas e passaram a usar o gás natural vindo da Rússia. Agora querem de volta os tais geradores e falam que é mais verde que as outras opções.
Preço. Aqui no BR energia Nuclear é cara, pois virou sinônimo de corrupção.
Aqui no JBF minha função é apenas dar pitacos, então fiquei curioso com uma expressão:
“Passei minha vida academica trabalhando no tema energia”
Na minha área (informática) a única função desempenhada pela “academia” era atrapalhar qualquer iniciativa não-estatal e exigir que tudo fosse concentrado nas mãos dos “doutores”, onde permanecia inerme entre comitês, grupos de trabalho e intermináveis planejamentos.
Gostaria então de saber se o “trabalhando” neste caso se deu na prática ou apenas na teoria,
Além disso, para não dar opiniões injustas em uma área que não é a minha, peço ao articulista que seja mais objetivo em suas declarações, porque este texto me pareceu conter muitas exclamações e poucos fatos. Aparenta ser um caso de oposição ideológica disfarçada através de objeções que se fingem de argumentos técnicos, mas que são suficientemente vagas para poderem ser adaptadas a qualquer situação. Alguns “cacoetes” de vocabulário (“expropriação” é o mais óbvio) reforçam a impressão.
Para deixar claro:
Por “muitas exclamações” quero dizer usar muitos adjetivos e muitos advérbios:
“grandes áreas de terra”
“areas costeiras, biima[sic] Caatinga, etc estao sendo dizimadas.”
“enormes prejuízos e danos socioambientais”
“altera significativamente”
“sistematicamente degradados”
“ruído significativo”
“interferem significativamente”
“a necessidade URGENTE”
“diminuindo drasticamente”
O que deixa o leitor se perguntando: enormes quanto? significativamente quanto? drasticamente quanto?
Por outro lado, um exemplo de fatos seria dizer:
Um aerogerador ocupa em média 1 ha = 0,01 km2
A região nordeste tem 1.558.000 km2.
A região nordeste têm atualmente 9000 geradores, que ocupam 90 km2, o que corresponde a 0,0058% da área total.
Eu respeito opinião do professor, no entanto, lembro que qualquer projeto deve ter sua análise de viabilidade. Conheço alguns parques no interior do estado nos quais a agricultura familiar depende de chuvas que aparecem com um irregularidade incrível. Acho que receber por uma concessão que traz comida e dá sustento à vida pode até minimizar o barulho do vento. Não dá pra sustentar a matriz energética nas hidroelétricas. Tivemos apagões no governo FHC que não se coadunam com um país que quer se desenvolver. Em canto nenhum do mundo se sustenta a exploração de energia fóssil. Tudo mundo busca energia renovável. Então, os problemas e existentes serão sanados com a intensificação das pesquisas. Mas, abrir mão disso representa um grande retrocesso