MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Corria o ano de 2012 e na cidade de São Paulo impuseram um reajuste de R$ 0,20 na passagem do transporte urbano. Passou de R$ 3,00 para R$ 3,20. Eu uso bastante esse exemplo para mostrar como se perde dinheiro quando não se sabe fazer contas. Esse aumento, por exemplo, gerou uma receita, por passagem, de 6,67%. Os estudantes foram às ruas, o Brasil parou. Meus alunos me pediram para liberá-los da aula para que pudessem participar dos protestos. Eu permiti. Uma semana depois, as empresa reduziram a passagem dos R$ 3,20 para R$ 3,00 e o argumento é que não houve ganho, o que é mentira. Basta notar que a perda de receita é 6,25%, portanto, os empresários ganharam 0,42%, por passagem, num sistema de transporte urbano do tamanho da cidade de São Paulo.

Naquela ocasião, os caminhoneiros reforçaram o movimento paredista e não era apenas pelo descontrole da política de preços adotada pelo governo Dilma, mas porque havia uma promessa de a economia “bombar” e os caras adquiriram caminhões novos com financiamento da FINAME e quando a economia entrou em recessão, ficaram endividados e sem fretes.

A greve é um instrumento previsto na constituição, embora alguns casos a justiça declara a ilegalidade e manda voltar ao trabalho sob pena de pagamento de multa. Acrescento, ainda, que a greve se tornou um instrumento dos servidores públicos. Não é comum greve por parte de trabalhadores da iniciativa privada fizeram greve, mas isso depende bastante do setor de atividade. Por exemplo: greve dos bancários. O pessoal não encara uma greve sozinho sem a participação dos funcionários dos bancos públicos e, em geral, quando eles aceitam o dissídio oferecido, os funcionários dos bancos privados acabam a greve.

No momento atual, técnicos administrativos das universidades estão em greve e em algumas universidades os professores já estão com indicativos. As reivindicações são as mesmas: melhores condições de trabalho, valorização da carreira, reajuste salarial. O interessante, é que a sociedade nem percebe que professor está em greve, nem tampouco o governo. Em 2012, por exemplo, houve a famosa greve de 100 dias e tudo que se obteve foi um aumento de 15% sobre o salário, de forma linear, ou seja, 5% a cada três anos. Quando o setor de saúde ou os policiais decidem fazer greve, o transtorno é imediato, chamam os sindicatos, vão pra justiça e todo mundo se mobiliza. Educação, foda-se!

O lado irônico da história é o comportamento dos sindicatos. Como se sabe a maioria deles é vinculado à CUT, que é um braço petista. Então, as negociações com que está no governo deveriam ser mais céleres, mas não. Essa gente que elegeu essa gente pra governar, fica sem o menor argumento para protestar. É um tronco de imbecilidade acreditar-se que governo eleito vai atender demanda de funcionário. Pelo contrário, o que se faz é demagogia da grossa.

O governo atual, por exemplo, anunciou a construção de 100 unidades a mais do Instituto Federal, seis dos quais em Pernambuco e um, particularmente, simbólico: em Santa Cruz do Capibaribe que é o maior centro produtor têxtil do Nordeste e um dos dois municípios onde o presidente atual não teve maioria dos votos. Acredito que isso é mais um jogo político do que uma política séria de educação. Serão necessários professores, estrutura, gastos com dinheiro que o governo não tem.

O fato é que esses lances pra “galera” continua sendo um instrumento de enrolação. O caso mais esquisito que eu vejo na atualidade é o caso dos motoristas de transporte alternativo. O governo mandou um projeto para regulamentar a profissão e os motoristas estão dizendo que não querem. Hoje, com toda desgraça, o cara tem uma renda e liberdade para fazer essa renda. Da forma que o governo colocou, vai inviabilizar o setor. A Uber, por exemplo, encerrou suas atividades, salvo engano, na Califórnia por conta de reconhecimento de vínculo empregatício. No Brasil, foi multada em R$ 1 bilhão e recorreu. Se perder, sai do Brasil.

Em resumo: o Brasil não consegue crescer porque o cérebro de alguns é do tamanho de uma ervilha. Eu, particularmente, nunca fiz greve. Dizia aos meus alunos que se eles quisessem assistir as aulas, a gente fixava um dia por semana, pra ficar mais barato o deslocamento deles, e juntava a aula da semana. Hoje, tendo em vista que grande parte deles escolheram esse governo, então eu já avisei: serei o primeiro a entrar em greve.

2 pensou em “GREVE

  1. Maurício sabe porque o cérebro desses caras fica do tamanho de uma ervilha? Porque incha depois de uma pancada.
    Você expressou-se muito bem. Greve de professores não impacta ninguém… foda-se a educação em Pindorama.
    Mas que dá um gosto gostoso ver baba-ovo de sindicato e os desocupados da CUT serem tratados a botinadas pelo gunverno dos trabalhadores, não tem preço

  2. Eu também acho uma onda da porra. Sexta eu estava chegando pra dar aula..e tem um cara lá do sindicato, do pcb do b, que já candidatou a vereador umas 5 vezes…. Não tem 200 votos. Ele e outros estão lá distribuindo material de conscientização para greve…..dá vontade de rir.

Deixe um comentário para Roque Nunes Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *