A HISTÓRIA DOS CEARENSES QUE SEQUESTRARAM NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
O título da matéria parece estranho, mas aconteceu de verdade. O ano era 1950, a imagem de Nossa Senhora de Fátima saiu de Portugal para visitar algumas paróquias do estado do Ceará, chegando em Crateús, o número de romeiros estava muito além do esperado, e todos queriam chegar perto da Virgem Peregrina. Pessoas de toda a região chegaram na cidade nas primeiras horas do dia para aguardar a imagem. A fila dobrava quarteirões, porém a Santa tinha horário a cumprir, o avião que a levaria para Tauá, também no Ceará, tinha que decolar e pousar antes do sol se pôr. A organização da romaria resolveu retirar Nossa Senhora antes que todos os fieis dela se aproximassem, foi ai que aconteceu o sequestro, fecharam a saída da imagem, que só foi liberada depois que todos os romeiros da fila pudessem toca-la.
O ato contou com o apoio das autoridades locais, até do Padre Palhano Sabóia, que já havia reclamado que a santa chegou atrasada em Crateús, porém o Bispo de Sobral, José Tupinambá da Frota, não gostou do encarceramento de Nossa Senhora e mandou fechar a igreja de Crateús por uma semana.
Esse fato sujou a imagem da cidade de Crateús, que por muito tempo ficou conhecida como “a cidade onde prenderam a santa”. O escritor Flávio Machado conta em seu livro “Crateús – Lembranças que Marcaram História”, que quando criança, ia a outra cidade próxima e fazia qualquer traquinagem, as pessoas reclamavam dizendo: “quem tem coragem de prender uma santa tem coragem de tudo”.
Na época o caso foi divulgado pelas rádios e jornais do Ceará, da capital federal Rio de Janeiro e até pela BBC de Londres, de lá pra cá o sequestro foi sendo esquecido e hoje muitos moradores da cidade desconhecem esse fato. A mesma imagem de Nossa Senhora de Fátima já visitou Crateús outras duas vezes sem intercorrências, em 2003 para comemorar meio século do Arco de Fátima, construção da cidade que homenageia a primeira visita da Peregrina, e em 2005, em uma comemoração antecipada da aparição da Virgem em Fátima, em Portugal, a três pastorinhas em 1917. A violência contra a santa não prejudicou a cidade de Crateús nem a de Tauá, que hoje estão na lista das cidades menos violentas do Nordeste, como descritas no vídeo abaixo do Canal 1a10 Curiosidades .
As 10 cidades menos violentas do Nordeste
Legal! Mas, entendo que, não existe “cidade” mais pacata neste país continental, que o cemitério, né não? É de uma Paz que até incomoda! Arre égua!
George, fantástico! Muito bom. Eu fiz um levantamento das cidades sertanejas, recentemente. A gente matou mais que o Rio. Fiquei impressionado com o Ceará. Não apareceu Quixadá. Deve ser por causa da sogra de Neto Feitosa.
Tabira teve um período especial onde aconteceram vários assassinatos desencadeados pelo primeiro homicídio, tudo isso em menos de 1 ano, deve ter elevado a taxa, porém nossa vizinha Ingazeira passou 3 anos sem ter nenhum.