Os teus olhos são frios como as espadas,
E claros como os trágicos punhais,
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!
Mas não te invejo, Amor, essa indif’rença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!
Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
“Ah, quem me dera, Irmã, amar assim!…”
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
Florbela era dada amar demais, visceralmente.
Amava tanto e exigia reciprocidade.
Florbela era apaixonada pelo irmão Apele, um amor impossível até nos dias de hoje.
Apele, por questões óbvias, não lhe nutria a mesma paixão.
Florbela lhe devolvia esta falta de reciprocidade em forma de versos acusatórios de frieza, indiferença, falta de amor.
Poema musicado por Fagner e fez parte de lp Amelinha, cantando com ele.
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